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Deputados aprovam reforma política em 2º turno

Destaques que podem excluir partes já aprovadas no primeiro turno serão votados no dia 14

07/07/2015 - 21h42min

Atualizada em: 07/07/2015 - 21h42min


Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Votação da reforma iniciou logo após aprovação da MP do Futebol

A PEC da Reforma Política retornou à pauta da Câmara após a aprovação da MP do Futebol, na noite desta terça-feira. Os deputados aprovaram a proposta em segundo turno, com 420 a favor e apenas 30 contrários. As mudanças acertadas até o momento, como ampliação de mandatos para deputados e redução de idade mínima para concorrer, são apontadas como pouco profundas.

Um acordo de líderes deixou para 14 de junho a votação dos destaques apresentados ao texto, que podem excluir partes já aprovadas no primeiro turno. Os destaques supressivos podem propor, por exemplo, a exclusão da regra de financiamento de campanhas que permite a doação de empresas a partidos políticos e de pessoas físicas a partidos e a candidatos. A Constituição não tem regra sobre o financiamento de campanhas, que é disciplinado em lei e está sob julgamento pendente no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Outro ponto polêmico é o mandato de cinco anos para todos os cargos, inclusive senador, a partir de 2020. De acordo com o texto aprovado em primeiro turno, os eleitos em 2016 e em 2018 terão mandatos de quatro anos. A transição prevê ainda mandato de nove anos para senadores eleitos em 2018. O Senado não concorda com a redução do mandato de senadores de oito para cinco anos.

Definida pela presidente Dilma Rousseff como a "mãe de todas as reformas", discutida há duas décadas, a reforma política ficou em segundo plano para um governo dedicado ao ajuste fiscal. A Câmara, por sua vez, conduz um processo mais preocupado com o futuro dos parlamentares. No primeiro turno, eles aprovaram ampliar os próprios mandatos, reduzir a idade mínima para concorrer e criar uma janela para troca de partido sem risco de cassação.

Após terminar a segunda votação na Câmara, a proposta ainda terá de ser aprovada em mais dois turnos no Senado, o que só deve ocorrer a partir de agosto.

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Teto para doações em avaliação

Um dos principais pontos de discórdia de toda tentativa de reforma, o financiamento das campanhas provocará novas polêmicas. Com o veto das doações empresariais trancado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Gilmar Mendes, deputados correm para incluir na Constituição as contribuições privadas. Depois de

assegurarem os repasses de empresas para partidos, excluindo candidatos, eles querem discutir tetos de gastos e de doações.

As propostas entrarão em um projeto de lei que deve ser votado nas próximas semanas como complemento à PEC da reforma política. O relator, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer estipular limites de contribuições de eleitores e empresas, além de proibir repasses de companhias que tenham contratos com o governo.

Com discurso para reduzir o custo das campanhas, estuda-se diminuir em 30 dias o período eleitoral. Outra ideia é estabelecer gastos para cada cargo em disputa, com valores reajustados pela inflação, definição que provocará divergências. Parte do PMDB quer números elásticos a fim de legitimar orçamentos milionários.

Já PT e PDT cobram contribuições reduzidas. Há quem defenda que o eleitor doe um salário mínimo por candidato.

- Em 2014, a campanha de um deputado federal eleito no Rio Grande do Sul passou de R$ 1 milhão. O teto deveria ficar em torno de R$ 500 mil - calcula Henrique Fontana (PT-RS).

Derrotado na defesa do financiamento público, o PT trabalhava para que os deputados rejeitassem as contribuições privadas no segundo turno da votação da reforma. A sigla considera um retrocesso a regra aprovada. Na última eleição, empresas doaram para legendas e candidatos e foram identificadas na prestação de contas. Com repasses apenas a partidos, existe o risco do retorno das doações ocultas, quando as siglas centralizam o dinheiro, distribuído aos candidatos sem apontar quem lhe financiou.

- A nova regra vai diminuir a transparência - critica o deputado Afonso Hamm (PP-RS).

*Zero Hora com agências


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