Porto Alegre



Transporte sob risco

Porto Alegre registra quatro assaltos por dia em lotações

Motorista foi esfaqueado na Lomba do Pinheiro em um dos seis assaltos ocorridos em intervalo de sete horas na quinta-feira. Categoria fez manifestação por segurança nesta sexta-feira

18/07/2015 - 04h01min

Atualizada em: 18/07/2015 - 04h01min


Diego Vara / Agência RBS
Condutores realizaram paralisação na zona norte da Capital para cobrar medidas de segurança para a categoria

Andar em lotação está cada vez mais perigoso na Capital. Estimativa da Associação dos Transportadores de Passageiros por Lotação da Capital (ATL) aponta que, em média, ocorrem quatro assaltos por dia, com saques a motoristas e passageiros.

- A situação é crítica, em especial, em julho. No ano passado, em média, eram 10 roubos por mês - lamenta Rogério Lago, gerente-
executivo da ATL.

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Uma das razões para a expansão do crime pode ser a presença crescente de bandidos à solta nas ruas. Quem comete assalto, em geral, é condenado com penas entre cinco e seis anos em regime semiaberto. Como não existem vagas nos albergues da Região Metropolitana, os ladrões são mandados de volta para casa, em prisão domiciliar ou com tornozeleira eletrônica. De certo modo, isso tem incentivado pessoas inexperientes à pratica de crimes, usando facas ou revólveres.

- Esse é o grande problema. Antes levavam o dinheiro da gaveta, agora também agem com violência. São pessoas drogadas, fora de si que, às vezes, estão mais nervosas que as vítimas - acrescenta Lago, lembrando que, à medida que operações policiais ocorrem em determinada área, os ladrões migram para outro ponto da cidade.
O dirigente defende a criação de uma delegacia especializada para crimes contra o transporte público - ônibus, táxi e lotações:

- Hoje, somos mais um caso em uma pilha de 300. Se existisse este órgão, a polícia teria mais condições de inibir os assaltos.

Seis ataques em sete horas

Os roubos produzem traumas em passageiros e baixas entre a categoria. Este ano, pelo menos 30 motoristas pediram demissão por questões ligadas à insegurança, segundo dados da ATL. 

O gerente-executivo diz que a situação das lotações não é muito diferente da dos ônibus. Procurada por Zero Hora, a Associação dos Transportadores de Passageiros informou que não tem dados estatísticos sobre assaltos a coletivos.

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A última quinta-feira surpreendeu com seis roubos a lotações em um intervalo de apenas sete horas na zona sul da Capital - região mais castigada atualmente. Foram dois ataques a veículos que atendem ao bairro Tristeza, e a lotações das linhas Ipanema, Belém Novo, Lomba do Pinheiro e Jardim Vila Nova.

No caso mais grave, o motorista Bruno Lisboa Pereira, 24 anos, foi esfaqueado no abdômen e nas costelas por dois assaltantes quando chegava ao terminal na Lomba do Pinheiro. Foi o segundo assalto sofrido, percorrendo o mesmo itinerário. Pereira já tinha sido roubado duas vezes na lotação Restinga, e tinha trocado de linha justamente por causa dos roubos. A dupla que o atacou fugiu levando a quantia da gaveta, em torno de R$ 100.

O motorista segue internado em estado regular no Hospital de Pronto Socorro, na Capital. Colegas organizaram um protesto ontem à tarde contra a onda de ataques, em frente ao posto da Brigada Militar na Lomba do Pinheiro.

- A criminalidade aumentou muito. Não temos segurança em casa, na rua, no transporte coletivo e nem no seletivo - reclama um motorista que pediu para ter o nome preservado.

CONTRAPONTOS

O que diz o tenente-coronel Carlos Alberto Selistre, interino no Comando de Policiamento da Capital
Oficialmente, temos conhecimento de três casos na quinta-feira e não seis. Estamos realizando um trabalho de inteligência, e é com base nos registros que são planejadas as ações. Faremos uma reunião hoje (ontem) com a ATL e a EPTC para avaliar como podemos melhorar a forma de a Brigada Militar ser acionada pelo 190 ou pelo registro imediato da ocorrência após o crime. 

O que diz o major Arnaldo Hoffmann, comandante interino do 19º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento na Lomba do Pinheiro
A Brigada Militar (BM) coloca todo o seu pessoal disponível nas ruas, faz operações e orienta as pessoas para não reagir. Mas isso que acontece é uma questão de segurança pública, e envolve muito mais do que a BM. Quando há distúrbios, quando falha a educação, quando falha a família, quando falha tudo, todos se voltam para a BM, como se fosse a única responsável, mas não é.

O que diz a Polícia Civil
Não existe pedido de criação de delegacia especializada para reprimir assaltos ao transporte público em Porto Alegre. Quando entrar, será analisado.

SSP não se manifestou
Zero Hora solicitou à Secretaria da Segurança Pública dados estatísticos sobre assalto a lotações na Capital, mas não obteve retorno.

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