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Vale a pena comprar um carro novo agora?

Para especialistas do setor, o momento é interessante para adquirir um automóvel se a renda familiar não perder a estabilidade na crise

02/07/2015 - 07h42min

Atualizada em: 02/07/2015 - 07h42min








































Diorgenes Pandini / Agencia RBS
Venda de carros no país recuou 20% em maio na comparação com o mesmo período do ano passado

Enquanto grande parte das montadoras de automóveis está com os pátios lotados e cria uma série de promoções e descontos para fisgar o cliente, a retração da economia tira o poder de compra do brasileiro. Nesse antagonismo entre aproveitar os preços baixos ou poupar, o consumidor precisa avaliar fatores importantes antes de procurar uma concessionária.

O primeiro passo é planejar a compra, recomenda o professor de economia da UFSC e consultor financeiro Jurandir Sell Macedo. Se antes era aconselhável ter uma estratégia para adquirir um bem, hoje ela é obrigatória. Ele indica que a pessoa precisa guardar mensalmente por seis meses o valor da parcela do futuro automóvel, somando na quantia uma média das despesas com seguro, combustível e IPVA. Com isso, a família vai observar se poderá comportar um financiamento e juntar uma quantia para entrada.

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- Comprar torna a vida mais fácil. Porém, se a família adquirir um carro e não conseguir pagar as prestações, a vida vai se tornar muito pior - alerta.

Juros devem ser maiores até dezembro

Em contrapartida, o gerente de varejo da consultoria automotiva Jato Dynamics, Marcus Bellis, afirma que este é o momento de aproveitar os descontos, quando as montadoras estão com os estoques lotados. No país, foram vendidos em maio 205 mil carros zero (automóveis e comerciais leves) - uma queda de 26% na comparação com o mesmo período de 2014, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No acumulado, são 20% de retração.

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No ponto de vista de Bellis não há expectativa de melhora no mercado automobilístico. Para ele, o período é para as montadoras readequarem a produção e diminuírem os estoques.

- Ficará cada vez mais difícil ter boas condições de financiamento. A tendência é que os juros aumentem até o final do ano - acrescenta.

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Os motivos a favor e contra na hora de comprar o carro zero

TAXA ZERO
A maioria das concessionárias  pratica juro zero a partir de 50% de entrada. Com cerca de R$ 20 mil de entrada, é possível negociar esse e outros benefícios, como IPVA pago, câmera de ré ou sistema de som. O gerente de varejo da consultoria automotiva Jato Dynamics, Marcus Bellis, defende que este é o momento de comprar, pois há previsão de aumento nos juros até o fim do mês. Segundo ele, há modelos vendidos com 15% de desconto - preço sugerido pela montadora.

DESCONTOS
Se você tem um fundo de reserva e quer pagar à vista, corra para as concessionárias. Há vários benefícios, entre eles descontos e brindes como IPVA pago, tanque cheio ou câmera de ré. Segundo o diretor regional da Fenabrave-SC, Nelson Fuchter, o consumidor vai achar carros com valores praticados em 2014. É importante barganhar.

SEMINOVO
Segundo o consultor financeiro da Par Mais, Jailon Giacomelli, na compra de um seminovo você ganha com a desvalorização do automóvel. Segundo ele, um novo perde de 10% a 15% após sair da loja, enquanto o usado já perdeu esse valor. Porém, comprando um usado, você não tem direito a garantia de fábrica ou benefícios como seguro gratuito por um ano e não sabe a procedência do veículo.

MODELO 2015
Neste segundo semestre grande parte das montadoras substituem os modelos 2015 por 2016, o que deixa os preços desses automóveis mais atrativos. Mas é bom lembrar que o valor da parcela, somada a outras prestações, não pode comprometer 30% da renda familiar.

JUROS ALTOS
Com entrada de até R$ 10 mil, fique atento aos juros. Com esse valor é muito difícil obter taxa zero no mercado. E atualmente as taxas estão entre 1,5% e 2%, o que deixa a compra mais salgada. Segundo o consultor financeiro Jailon Giacomelli, é importante que todas as parcelas da casa não ultrapassem 30% da renda familiar. Acima desse percentual, não é negócio. É necessário guardar um pouco mais.

INFLAÇÃO
Você tem um fundo de reserva para um momento de apuro nas contas? Se a resposta for não, vá com calma na compra de um carro novo. A inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 8,47%, diminui o poder de compra do brasileiro. Antes de assumir uma nova prestação, é interessante observar que o alimento, a escola do filho ou a saída ao restaurante podem aumentar. O indicador é o mais alto desde 2003.

DESEMPREGO
Em maio, 6.717 vagas de trabalho foram fechadas em Santa Catarina, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foi o pior desempenho do Estado desde o início da série histórica do ranking, em 2002. Enquanto isso, a taxa de desemprego no país aumentou para 6,7% em maio. Para o planejador financeiro Jurandir Sell Macedo, o consumidor precisa observar a área em que atua para não ter surpresas desagradáveis.

RESTRIÇÃO AO CRÉDITO
Há cinco anos os bancos financiavam até 100% do veículo. Mesmo a juros altos e um carnê que parecia mais um livro pela quantidade de parcelas, havia quem encarava até 60 prestações. Com a economia em retração, é difícil encontrar esse tipo de financiamento.

Carro zero com preço do ano passado

O ritmo das vendas no Estado está parecido com o cenário do país. A queda é de 22% no acumulado de 12 meses, segundo o diretor regional da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores de Santa Catarina (Fenabrave-SC), Nelson Fuchter.

Ele acrescenta que, se colocar na ponta do lápis todos os descontos que receber, o consumidor vai perceber que está comprando carro zero com o mesmo valor praticado em 2014.

- Hoje, ele (cliente) vai ter mais qualidade, mais coerência no consumo e um profissional (da concessionária) melhor preparado - argumenta Fuchter.

Sem dúvidas nem dívidas

Segundo o professor da UFSC e consultor financeiro Jurandir Sell Macedo, o consumidor precisa fazer uma autoanálise  antes de adquirir um automóvel ou qualquer bem que gere um financiamento. Responda as cinco perguntas abaixo e observe se este é o momento de comprar agora ou esperar:

1 - Tenho condições financeiras de pagar as prestações?

2 - As prestações (incluindo carro e outros bens) ultrapassam 30% da renda familiar?

3 - Calculei o custo de IPVA, seguro, garagem e combustível?

4 - Será que é possível esperar um pouco mais e amortecer os juros?

5 - Consórcio é uma opção? Será que consigo ficar até o último mês do consórcio para só depois receber a quantia investida?


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