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A herança da chuvarada no Estado: o preço da alface está nas alturas

A hortaliça está custando até o dobro em bancas e feiras. A culpa é das recentes enchentes no Estado

01/08/2015 - 10h02min

Atualizada em: 01/08/2015 - 10h02min


Omar Freitas / Agencia RBS
No Terminal Parobé, Edílo tenta driblar o aumento para evitar prejuízo

As chuvaradas no Estado deram uma trégua, mas continuarão sendo lembradas pelos consumidores nas próximas semanas por conta dos preços dos produtos atingidos em cheio pelo longo período chuvoso. Entre eles, a alface foi a hortaliça que mais teve aumento: quase 70% na Ceasa, nesta semana, e 100% nas bancas e nas feiras.
Conforme o gerente técnico da Ceasa, Amauri Pereira, a alface e o agrião foram as duas culturas mais afetadas, com queda de 50% na oferta diária na Central.

- As inundações de lavouras e outros fatores, comuns quando há excesso de chuvas, fizeram a produção diminuir, deixando o mercado carente de volume - explica.

Para se ter uma ideia das perdas, nos últimos três anos, a oferta de alface na Ceasa nesta época do ano era de 11.386 dúzias de pés, ao preço de R$ 0,94, cada. Na terça-feira passada, a Companhia tinha para oferecer 6.767 dúzias de pés de alface, custando R$ 2,08 cada pé.

- Esta cultura tem ciclo curto. Por isso, se o tempo continuar firme, a situação deve voltar ao normal em, no máximo, 30 dias - calcula Amauri.

Problema

Nas gôndolas, comerciantes e consumidores já sentem há duas semanas os efeitos das chuvas. Funcionário há 26 anos de uma banca no Terminal Parobé, Edílio Correa de Freitas, 43 anos, viu o bolso pesar ao comprar alface de um produtor de Viamão, uma das cidades que mais produz a folhosa na Região Metropolitana. Antes da chuvarada, pagava R$ 6 a dúzia. Agora, a mesma quantia não sai por menos de R$ 20, um reajuste de 233%. Por falta de oferta, na semana passada, Edílio ficou sem alface.

- Para não ficarmos no prejuízo, tivemos que aumentar de R$ 1,50 para R$ 2,50 o pé. O resultado é que poucos acabam levando - comenta.

Opção pode ser a chicória

 
Adir prefere a graúda de São Paulo - Foto: OMAR FREITAS

Já o comerciante Adir Rocha, 53 anos, acabou tendo problemas ao comprar os pés de alface três vezes menores do que o normal. Na semana passada, vendeu três pés pelo preço de um. Na terça-feira passada, optou por comprar alface americana de São Paulo. Apesar de vendê-la por R$ 3, Adir garante que tem saída por ser mais graúda.

- O pessoal está trocando o verde da alface pela chicória, que está um pouco mais barata. Sai por R$ 2 a unidade - revela.

De olho nos preços, a dona de casa Carmen Tartler, 87 anos, costuma comprar alface toda semana. Ela não se importa com o valor, desde que tenha qualidade. Mas, ao saber que o pé da alface crespa custava R$ 2,50, comprou três de chicória.

Agas não confirma o aumento

Em nota, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) informou que há casos pontuais de prejuízos provocados pelas chuvas à produção de hortigranjeiros no Estado, mas não é um problema generalizado:

"A grande gama de fornecedores com que o setor trabalha permite que os supermercados abasteçam seus estoques sem maiores transtornos. Os preços não deverão subir em função das chuvas e, caso haja qualquer variação nos preços de hortigranjeiros, não terá sido em função das cheias."


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