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Dia D

Campanha de conscientização sobre esclerose múltipla busca alertar sobre os sintomas da doença

Problema que atinge cerca de 35 mil brasileiros ainda tem causas desconhecidas. No entanto, pesquisadores alertam para a baixa produção de vitamina D

30/08/2015 - 05h00min

Atualizada em: 30/08/2015 - 05h00min


Paulo Franken / Agencia RBS

"Eu estava caminhando normalmente e, de repente, um muro caiu no meu caminho. Como eu vou continuar agora?" A indagação de um paciente ao ser diagnosticado com esclerose múltipla - doença crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central - idealizou o lema da campanha de conscientização, lançada em 2006 pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN): "um muro que podemos juntos ultrapassar".

- As pessoas precisam saber que a doença não as impede de seguir a vida normalmente, trabalhando, se relacionando socialmente e constituindo família - afirma Elizabeth Regina Comini Frota, coordenadora do Departamento Científico de Neuroimunologia da ABN, ao ressaltar a ideia da campanha.

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Para o Dia Nacional de Conscientização Sobre Esclerose Múltipla, comemorado neste domingo, dia 30, a ABN, junto outras entidades de todo o país, realiza eventos e ações a fim de informar a população sobre a doença e seus sintomas. A neurologista diz que a discriminação que associa a doença a problemas mentais é motivo de preocupação, principalmente por parte dos familiares e amigos dos pacientes. Desmistificar esse tipo de equívoco é um dos principais objetivos da iniciativa, que tem como madrinha a atriz e humorista Cláudia Rodrigues, diagnosticada com a doença em 2000.

Protagonista da série A Diarista, da TV Globo, com a personagem Marinete, Claudinha - como é conhecida - enfrentou a depressão em virtude de algumas limitações da doença. Elizabeth conta que o esse mesmo problema atinge a maioria dos pacientes, embora muitos neguem o distúrbio psicológico.

- Além das próprias lesões da doença, o fato de ter que encarar mudanças significantes na rotina também influencia no desencadeamento da depressão - explica a especialista.

A esclerose múltipla é uma inflamação no sistema nervoso que resulta em diversas lesões, podendo evoluir para deficiências motoras, de coordenação, visão e equilíbrio. Caracterizada por sintomas agudos como dormência no braço, torturas e dificuldade para falar, a doença se desenvolve, normalmente, em pessoas entre 20 e 40 anos.

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Quanto mais cedo forem identificados esses sintomas, melhor pode ser a resposta do paciente ao tratamento, o qual é realizado com medicamentos - atualmente, existem 12 - e mudanças no estilo de vida como atividades que trabalham o raciocínio, exercícios ao ar livre e hábitos alimentares mais saudáveis.

A causa da doença ainda é desconhecida, mas especialistas afirmam que o surgimento da esclerosem múltipla pode estar relacionado a fatores genéticos e ambientais como vírus, bactérias, clima, alimentação e radiação solar - responsável pela produção de vitamina D. Segundo Elizabeth, pessoas que vivem em regiões mais frias, onde há pouca radiação do sol, são aquelas que mais desenvolvem a doença. No entanto, a especialista afirma que ainda não se descobriu o gatilho responsável por essa relação.

A neurologista aponta que no Canadá e em países do norte da Europa, por exemplo, a incidência de esclerose múltipla atinge cerca de 3% da população. No Brasil, esse índice chega a apenas 0,01%.

*Zero Hora

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