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Troca de comando piorou serviço em postos de saúde do Extremo-Sul

Postos do Extremo-Sul que passaram a ser geridos pela prefeitura registram queixas de falta de médicos e suspensão de exames

24/08/2015 - 07h05min

Atualizada em: 24/08/2015 - 07h05min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Carlos Silveira Vieira lamenta nova realidade

Desde a transferência das unidades de saúde da família (USF) Paulo Viaro, na Estrada do Lami, Núcleo Esperança, no Bairro Restinga, e Chapéu do Sol, no bairro de mesmo nome, para a gerência do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf), da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, no início deste ano, os 24 mil pacientes cadastrados enfrentam problemas que vão desde demora para liberação de receitas, suspensão de exames odontológicos e até falta de médicos.

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Das seis equipes de estratégia de saúde da família, apenas três têm médicos - um em cada unidade. Em dezembro do ano passado e em março deste ano, o Diário Gaúcho publicou a situação das unidades.

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Desde a inauguração das três, em 2010, elas foram coordenadas pela Associação Hospitalar Moinhos de Vento (AHMV). As três faziam parte do Projeto Social Restinga e Extremo Sul, criado pela AHMV e que também incluiu a construção e a administração do Hospital da Restinga.

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Os prédios foram construídos pela administração municipal e receberam equipes contratadas pela AHMV. Porém, no final do ano passado, o Tribunal de Contas e o Ministério Público recomendaram a transferência dos prédios para o Imesf.

- Como o município tem um órgão próprio para gerir as unidades de saúde, não haveria necessidade de outra associação assumir este serviço. Seguimos a orientação, mas isso demanda tempo para a transferência completa - explica a coordenadora da Rede de Atenção Primária, Vânia Maria Frantz.

Justificativa

A distância do Centro de Porto Alegre e a violência têm sido as justificativas dadas à prefeitura pelos médicos concursados que se negam a atender nas três unidades de saúde assumidas pelo Imesf.

- Já chamamos mais de 20 médicos, nos últimos três meses. Dos três que estão atendendo, dois são do Programa Mais Médicos. Quem foi chamado alegou a distância ou temor pela insegurança em bairros como Restinga. Chamamos os últimos quatro profissionais, na segunda-feira passada, e estamos aguardando que pelo menos dois deles aceitem - ressalta a coordenadora da Rede de Atenção Primária, Vânia Maria Frantz.

Raio-X suspenso

Para piorar a situação dos pacientes, o serviço de radiografia odontológica, antes oferecido pelo Moinhos nas três unidades, está suspenso por tempo indeterminado. O líder comunitário do Chapéu do Sol, Carlos Silveira Vieira, 58 anos, precisava de atendimento para dois filhos e foi encaminhado para a UBS Santa Marta, no Centro. 

- Consigo pagar o transporte para os meus filhos serem atendidos em outros lugares, mas o bairro é carente. Muitos não têm dinheiro e acabam desistindo de continuar o tratamento. Por cinco anos, tivemos um atendimento de primeiro mundo. Agora, nos tiraram sem perguntar - reclama Carlos.

Segundo Vânia, o serviço não existe em nenhum outro posto da cidade. Por isso, ele está em avaliação sobre a necessidade de continuar sendo oferecido na região.

- Sabemos que as comunidades são as mais distantes do Centro, mas não temos uma definição sobre o destino deste serviço. Por enquanto, os pacientes são encaminhados para a unidade central - diz Vânia.

Na unidade Paulo Viaro, a família da doméstica Jurema Gonçalves da Silva, 63 anos, espera há meses por um atendimento odontológico. A unidade está sem o especialista e a previsão, segundo a coordenadora da Rede, é de que a situação continue assim pelo menos nos próximos 40 dias, até a finalização dos trâmites de contratação do novo profissional.

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Como era antes

- Cada unidade tinha duas equipes de saúde bucal (cada uma com um dentista, um auxiliar de saúde bucal e um técnico de saúde bucal) e duas equipes de estratégia de saúde da família (cada uma com um médico, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e quatro agentes comunitários de saúde).
- As unidades ofereciam sutura de ferimentos e de radiografia odontológica.
- O atendimento odontológico era agendado e não levava mais do que uma semana para ocorrer.
- A autorização de receita médica era feita em dois dias.

Como ficou

- Faltam as duas equipes de saúde bucal na unidade Paulo Viaro e falta um médico em cada uma das unidades.
- As unidades não oferecem mais os serviços de sutura de ferimentos e de radiografia odontológica.
- O atendimento odontológico está levando mais de três meses para ocorrer na unidade Paulo Viaro.
- A autorização de receita médica leva mais de uma semana para ser concedida.

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