Paralisação no RS
Greve pode comprometer o resultado de alunos do ensino público no Enem
Conteúdo exigido no Enem pode não ser visto a tempo das provas, em outubro, diminuindo chances de ingressar na universidade
Sem aulas pelo menos até a próxima sexta-feira, enquanto prossegue a greve dos servidores estaduais, estudantes de escolas públicas preveem dificuldades não apenas para se formar, mas também para chegar preparados ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nos dias 24 e 25 de outubro. Com o conteúdo estagnado na maior parte dos colégios estaduais, quem pretende conseguir uma vaga no Ensino Superior com a nota no exame acaba sendo prejudicado - e alguns reclamam da "concorrência desleal".
Com professores em greve, aulas em escolas estaduais são exceção
Enquanto nos colégios particulares e nos públicos de outros Estados as aulas seguem o ritmo normal, muitos estudantes gaúchos estão perdendo vários dias de aula desde que seus professores, recebendo salário parcelado, decidiram aderir à greve convocada pelo Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato).
Para os estudantes do último ano do Ensino Médio, as aulas perdidas não poderão ser recuperadas a tempo das provas do Enem e dos vestibulares. A solução, para muitos, é estudar em casa ou tentar se inscrever de última hora em intensivos de cursos preparatórios.
Alunos reclamam de prejuízo no ensino
Matriculadas em um desses cursos e sem aulas no colégio, as estudantes Rafaela Gomes e Paola Marçal, da Escola Técnica Estadual Irmão Pedro, veem a greve afetando seus estudos. Elas já tinham se inscrito antes de a paralisação começar, mas agora dependem só das aulas que estão pagando para chegar preparadas ao exame - e temem que isso não seja suficiente.
Saiba por que os servidores estaduais entraram em greve
A preocupação da também aluna do terceiro ano Kenya Machado é a mesma. Ela cogita até deixar de fazer o Enem, que pode garantir vaga em diversas instituições do Brasil, e se focar apenas no vestibular da UFRGS, que começa em 10 de janeiro.
- A concorrência com quem está tendo aulas nesse período é desleal. Eu e minhas colegas estudamos em casa, mas não é a mesma coisa - afirma a estudante.
Dicas de como estudar em casa:
- Aproveite o horário de aula para rever os conteúdos aprendidos na escola durante o ano.
- Se estiver seguro, aventure-se a ir adiante nos livros didáticos.
- Reúna os colegas e crie grupos de estudo para não ser tão prejudicado pela greve. Vocês podem solucionar as dúvidas uns dos outros.
- Se você estiver matriculado em um cursinho, faça os exercícios sugeridos, escreva redações e, na dúvida, peça auxílio aos professores.
- Não deixe, também, de conferir as provas anteriores do Enem e fazer simulados. Há diversas opções disponíveis na internet, e o Inep, em seu site (zhora.co/enem-
inep), disponibiliza todas as provas do exame e seus gabaritos.
- Confira aulas online de conteúdos que você já viu em sala de aula e também versões introdutórias daquilo que ainda não aprendeu. Em sites como o YouTube, há diversas opções gratuitas.
Professores dizem que não têm dinheiro para ir às escolas
Prevista inicialmente para terminar no último dia 4, a greve dos professores vai continuar pelo menos até a próxima sexta, quando deve ser realizada uma nova assembleia. A data escolhida para a volta ao trabalho coincide com o pagamento da segunda parcela do salário dos servidores.
Para a presidente do Cpers, Helenir Schürer, as aulas perdidas e consequente prejuízo aos estudantes que estão se preparando para ingressar no Ensino Superior são uma consequência indesejada da greve. Ela lamenta que os alunos da rede pública estadual, especialmente do terceiro ano do Ensino Médio, sejam prejudicados, mas afirma que essa é a forma de os professores protestarem neste momento de salários parcelados.
- Os professores sequer podem chegar às escolas porque não têm como pagar a passagem. Decidimos permanecer em greve porque não temos dinheiro. É uma pena que os alunos acabem sofrendo com isso, mas espero que o governador ouça esses apelos.
Na maior escola estadual do Rio Grande do Sul, o Colégio Júlio de Castilhos, conhecido como Julinho, não houve nenhuma aula nesses dias de greve. No Instituto de Educação Flores da Cunha, também na Capital, alguns professores decidiram lecionar em turno reduzido, mas atendiam principalmente alunos do Ensino Fundamental. A situação era semelhante na Escola Estadual Cândido Portinari, onde os profissionais que não aderiram à greve trabalhavam normalmente na manhã de quinta.