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Medo de arrastões faz comércio do Centro fechar mais cedo

Comerciantes usam grupo de WhatsApp para comunicar ocorrências de violência na região

04/09/2015 - 17h11min

Atualizada em: 04/09/2015 - 17h11min


Tadeu Vilani / Agencia RBS

Os relatos de assaltos e os recorrentes boatos de arrastões deixaram comerciantes apreensivos no centro de Porto Alegre. Nesta sexta-feira, estabelecimentos funcionaram com as portas parcialmente abertas e decidiram antecipar o horário de fechamento por medo da violência.

A loja Multisom é um dos estabelecimentos da Rua dos Andradas (popularmente conhecida como Rua da Praia) que reforçaram a segurança. O gerente da loja, Airton da Rosa, afirma que optou por deixar apenas uma das duas portas abertas para facilitar o controle do fluxo de pessoas e, assim, se prevenir de eventuais ocorrências.

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Mesmo assim, o comerciante pretende fechar as portas uma hora e meia mais cedo, às 18h, "assim que escurecer" - normalmente, a Multisom funciona até as 19h30min. Rosa também não garante o funcionamento da loja no sábado e afirma que vai avaliar no fim de semana se há policiamento na região.

Nos pouco mais de 500 metros percorridos entre a loja e a Borges de Medeiros, a reportagem de Zero Hora não encontrou nenhum brigadiano circulando pela Rua da Praia. O posto da Brigada Militar localizado na Esquina Democrática estava vazio por volta das 17h.


Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS

Perto dali, uma loja de telefones celulares estava fechada no horário. Funcionários de comércios vizinhos disseram que não chegaram a presenciar nenhum episódio, mas que as seguidas ameaças de arrastão têm levado pânico à região. Segundo a Brigada Militar, nenhuma ocorrência foi registrada pela corporação nesta sexta-feira.

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Apesar da ausência nas estatísticas, a secretária Priscila da Costa Petri, 36 anos, diz ter presenciado um arrastão às 17h30min de quinta-feira:

- Estou muito apavorada, não vejo policiamento na rua. Ontem mesmo eu vi um arrastão na frente do camelódromo, era uma correria, desespero total - conta.

Priscila também explica que mudou a rotina nos últimos dias. Ela, que antes ia embora de ônibus, pega carona para ir para casa.

- Agora, por exemplo, estou esperando um amigo meu. Não fico na rua. Estou dentro de uma loja por precaução - afirma.

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Luciani Machado de Souza, gerente temporária de uma loja localizada nas proximidades da Rua Doutor Flores, afirma que o medo vem se intensificando nos últimos dias.

- Nós estamos fechando mais cedo todos os dias, por questão de segurança. Quando as lojas do lado começam a baixar (as grades), a gente baixa também - diz.

Para se proteger, a gerente temporária explica que um grupo de WhatsApp mantido pelos seguranças dos comércios da região tem sido utilizado para informar sobre eventuais episódios de violência. Quando um segurança testemunha um crime, comunica os demais membros do grupo, que por sua vez informam os gerentes.

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Segundo Ulisses Silva de Brum, que trabalha como segurança na mesma loja, normalmente a Rua da Praia conta com um "grande efetivo" de brigadianos, mas a greve do funcionalismo público teria mudado o panorama.

- Nesta semana, não vi nenhum policial passar por aqui. A rua está abandonada - reclama.

* Zero Hora


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