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Um plano de ação para o seu cartão de crédito não virar uma cilada

Uma dívida de R$ 1 mil pode chegar a assustadores R$ 8.388,55 em doze meses segundo economista

06/10/2015 - 07h09min

Atualizada em: 06/10/2015 - 07h09min


Jeniffer Gularte
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Lauro Alves / Agencia RBS
Depois do susto, professora Lucia Machado da Silveira aprendeu a lição a até dá dicas para não perder o controle

Com a maior taxa nos últimos 16 anos, os juros do cartão de crédito assombram cada vez mais quem já faz deste recurso um pesadelo. Com juros que chegam a 13,37% ao mês e a 350,79% ao ano, uma dívida de R$ 1 mil pode chegar a assustadores R$ 8.388,55 em 12 meses caso seja feito apenas pagamento mensal do mínimo de 15%.

No mesmo ritmo, em cinco anos, a cifra pode ultrapassar os R$ 20 mil, segundo os cálculos do economista e educador financeiro Everton Lopes, feitos a pedido do Diário Gaúcho.

Pagar à vista ou parcelar: quando cada opção é melhor para o bolso

Para evitar que a dívida vire uma bola de neve, é preciso ter em mente que o pagamento mínimo da fatura jamais é recomendável. A primeira alternativa a ser adotada, na opinião de Everton, é avaliar se há algum bem que pode ser vendido para que lhe renda dinheiro.

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A segunda, embora mais embaraçosa, é identificar se você possui algum familiar ou amigo que poderia lhe emprestar o valor. Se nenhuma dessas possibilidades vingar, a melhor saída ainda é o empréstimo consignado - aquele que é descontado em folha de pagamento -, com taxa média de 4% ao mês.

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O consultor financeiro André Massaro também assegura que o consignado é a melhor saída para quem não tem de onde tirar recursos. E para aqueles que são resistentes ao empréstimo, André provoca:

- Qual é o sentido de ser avesso a tomar um empréstimo e ficar devendo no cartão, que também é um empréstimo? A única diferença é que para ficar devendo no cartão você não fala com ninguém, não há interação humana no processo. No momento em que está fazendo um consignado, a pessoa tem que sentar e conversar com o banco. O empréstimo do cartão é o pior empréstimo, porque a pessoa nem sente que está fazendo.

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Quanto mais fácil o crédito, maior a armadilha e maiores os juros. Ou seja, não há alternativa imediata. Enquanto a pessoa está pagando a dívida, ela precisa se conscientizar a mudar o comportamento, ressalta Everton:

- A pessoa só deve voltar a usar quando quitar a dívida e poder pagar a fatura de uma vez só. O cartão é um instrumento de crédito excelente, desde que se pague a conta integralmente.

Tendo em vista o aumento das taxas de desemprego e o mercado de trabalho desaquecido - o que representa uma preocupação a mais para as famílias, André sugere uma postura ainda mais firme frente à dívida:

- Se está com problema, você receber o 13º salário e esquece Natal, esquece férias, organiza sua vida. Vai doer, sua família vai ficar triste num primeiro momento mas num segundo vai ser melhor. É preciso ter uma postura defensiva, mudar o estilo de vida e consumir menos.



A BOLA DE NEVE SE FOR UMA DÍVIDA DE R$ 1 MIL

Confira como ficaria uma fatura de R$ 1 mil se você fizer todos os meses o pagamento mínimo de 15%, a juros compostos de 13,37%*:

Ao longo de 1 ano
Teria pago R$ 1.480,33
Ainda deveria R$ 8.388,55
 
No caso de 5 Anos
Teria pago R$ 3.678,73
Ainda deveria  R$ 20.846,13

Formas de pagamento

Parcelando pela operadora do cartão
Neste caso, o juro é menor do que com pagamento mínimo. Mas é preciso negociar com a operadora. Se o juro for 8% ao mês, pagando 20% da fatura (ou R$ 200) a dívida estará quitada em sete meses, totalizando R$ 1.202,31. Neste caso, não pode ser pago menos do que o valor da parcela. Não existe pagamento mínimo.

Com empréstimo consignado
O consignado tem juros de 4% ao mês. Você faz o empréstimo, saca o dinheiro e paga a dívida do cartão. Ao pagar o empréstimo em parcelas de R$ 200,55 (a mesma do cartão), você quitará a dívida em seis meses. E o total do empréstimo a ser pago será de R$ 1.089,71.

* Taxa de média no Brasil segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

A grande virada de Lucia

Até hoje a professora Lucia Machado da Silveira, 48 anos, de Porto Alegre, tem calafrios ao lembrar do mês em que a fatura do cartão atingiu os R$ 4.082,95, em julho de 2013. Foi a maior "façanha" em termos de endividamento, feito que também marcou uma reviravolta no modo dela se relacionar com o recurso.

Pagou apenas a metade do valor e parcelou o restante em cinco vezes direto com a operadora do cartão. Pagou juros - que na época não eram tão altos quanto agora - e fez o mais importante na opinião dos especialistas: mudou de comportamento. Cortou gastos supérfluos, idas a restaurante, fez planilha para prever e planejar gastos.

- A gente tem que se adequar a situação que o país vive e economizar em tudo.

Na dúvida, ela baixou o limite de compras de R$ 5 mil para R$ 1 mil e ainda se impôs uma meta pessoal: não gastar mais do que um salário mínimo por mês (R$ 788). 

- Tem tanta família que só vive com salário mínimo, por que eu preciso de mais? É uma forma de se conscientizar.

Por ser professora do Estado, segurou ainda mais os gastos: 

- Eu já estava prevendo o parcelamento dos salários e guardei o que pude. Praticamente não comprei nada em julho e agosto, só alimentação e gasolina.
O resultado do esforço foi que a fatura de agosto deste ano ficou em R$ 337,82.

 


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