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Comunidade é escrava de um buraco de rua no Jardim Carvalho

Dep não tem solução imediata para cratera que tira o direito de ir e vir de moradores do Condomínio Ipe 2

24/11/2015 - 07h08min

Atualizada em: 24/11/2015 - 07h08min


Omar Freitas / Agencia RBS
Maria conta que o transbordamento ocorre em segundos

Descrentes com as promessas da prefeitura que se arrastam há cinco anos, os moradores do Condomínio Ipe 2, no Jardim Carvalho, em Porto Alegre, sabem que está longe a solução para o fim de uma cratera com 5m de largura e 4m de profundidade, entre três galerias nas ruas Andorinha e Gralha Azul. A cada nova enxurrada, a água jorra com força do buraco transformando em rio pelo menos cem casas de dez vias.

- Basta o tempo fechar para eu entrar em pânico. Da janela da sala, acompanho o transbordamento que ocorre em segundos. É desesperador - relata a comerciária aposentada Maria de Lurdes Amaral, 61 anos, vizinha da cratera.

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Na tentativa de evitar que a água entre na casa, ela amarra uma chapa de metal nas grades do portão. Moradora do bairro há 45 anos, a aposentada evita receber visitas em dias nublados ou chuvosos.

- Tenho vergonha porque não quero que as pessoas de fora enfrentem o que passamos aqui - relata Maria de Lurdes.

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O Diário Gaúcho acompanha desde 2010 os problemas dos moradores do Ipe 2. No ano passado, havia a promessa do Dep de solucionar a questão até o final de 2015, realizando uma obra de macrodrenagem no valor de R$ 2,7 milhões.

Isso foi por água abaixo em reunião recente do órgão com representantes da região.

- Rejeitamos o projeto de obra de canalização oferecido por uma das construtoras responsáveis por empreendimentos imobiliários na região. A proposta deles era construir uma galeria nova ao lado da velha, mas isso é impossível. O correto é ampliar a velha. O projeto precisará ser revisado e isso levará mais tempo - explica o diretor-geral, Tarso Boelter.

Novo edital

Segundo Tarso, será aberto um pregão eletrônico para contratar a empresa técnica que fará a revisão do projeto. A escolha será divulgada em 45 dias. Depois, a empresa escolhida terá 60 dias para apresentar novo plano. Se aprovado pelo Dep, poderá ser publicado novo edital para a obra.

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- Pelos nossos cálculos, a obra será muito maior e o valor deverá chegar a quase R$ 6 milhões. Não é possível prever o início da obra. Por enquanto, temos uma equipe permanentemente em alerta para a região quando chove - conta o diretor-geral.

Cuidados para evitar prejuízos

Enquanto a situação não se resolve, Maria de Lurdes e os outros moradores do Condomínio Ipe 2 se protegem como podem da enxurrada: se há promessa de chuva, cancelam compromissos e não saem de casa.

Também retiram carros para áreas mais altas, montam barricadas nas portas das casas e evitam visitas.

- Nos tornamos escravos da cratera. Quando ouço o barulho da galeria se transformando no som de uma cachoeira, já sei que teremos alagamento - resume a aposentada.

O que precisa ser feito
- Ampliação da galeria da Rua Flamingo de 1,20m x 1,20m para 2m x 1,50m.
- Complementação de 198m de galeria das ruas Andorinha e Uirapuru, com tamanho de 3,50m x 1,50m.
- Ampliação para o dobro de tamanho a galeria existente na Rua Andorinha, que tem 2m x 1,50m.
- Limpeza geral das redes secundárias e criação de mais bocas de lobo nas ruas Andorinha e Gralha Azul.

Problema que se arrasta há cinco anos
- Os problemas nas duas ruas começaram em 2010, quando parte da galeria, que ficava sobre uma praça, se rompeu após chuvaradas.
- Acordo do Ministério Público, Dep e uma construtora de um dos empreendimentos da região determinou que a última ampliasse as galerias pluviais.
- No início do ano passado, após a decisão de suspender a licitação da obra, o Dep determinou serviços emergenciais no bairro.
- O projeto da construtora foi apresentado neste ano e rejeitado pelo Dep. A prefeitura exige ampliação da galeria existente. O projeto falava em construir uma nova.


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