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Famílias ocupam prédio no Centro pedindo habitação

Grupo de cerca de 300 pessoas invadiu imóvel desocupado sob organização do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas

14/11/2015 - 13h17min

Atualizada em: 14/11/2015 - 13h17min


Adriana Irion
Adriana Irion
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Movimento com atuação nacional organiza famílias para ocupar prédio na Capital

Organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), cerca de 100 famílias invadiram o prédio localizado na esquina das Ruas Gen. Câmara e Gen. Andrade Neves, na madrugada deste sábado, no centro de Porto alegre.

Surgido no Recife, com 16 anos de existência, é a primeira vez que o MLB faz uma ocupação em Porto Alegre.

A preparação da invasão durou nove meses. No prédio, que pertence ao Governo do Estado, já funcionaram setores do Ministério Público, por exemplo. Segundo o MLB, ele estaria desocupado há mais de 10 anos.

A ocupação ganhou o nome de Lanceiros Negros. Conforme a organização do movimento, a data foi escolhida por marcar os 171 anos do Massacre dos Porongos - confronto da Revolução Farroupilha em que o esquadrão de Lanceiros Negros foi massacrado por tropas imperiais.

As famílias reunidas no local são oriundas, segundo o movimento, de áreas de risco como Morro da Cruz, Lomba do Pinheiro e Vila Chocolatão. Também há crianças entre as cerca de 300 pessoas instaladas no prédio. O objetivo do ato, que ocorre pela primeira vez no Estado, é chamar a atenção para a falta de oferta de bons serviços públicos em áreas de periferia.

- O próprio Minha Casa Minha Vida é em sua maioria em periferia. Nossa meta é garantir habitação digna e própria para todas essas pessoas. Estão aqui pessoas que não podem mais pagar aluguel, que foram despejadas ou que perderam bens com as enchentes - explicou Nana Sanches, uma das coordenadoras do MLB.

Nana garante que há boa estrutura para manter as famílias, como cozinha instalada e alimentos. Segundo ela, o grupo, com atuação nacional, recebe recursos de apoiadores como sindicatos e diretórios:

- Temos toda a estrutura aqui. Tem creche para as crianças e queremos tentar mantê-las indo à escola. Estamos esperando autoridades para conversar. Ninguém nos procurou ainda.

Na manhã de sábado, depois de as famílias se instalarem, foram distribuídos em torno de 2 mil panfletos do MLB, segundo a coordenação. A manicure Leci Luiza da Silva, 69 anos, foi uma das que soube da ação e retornou ao local para pedir apoio do MLB:

- Ficar aqui com eles eu não posso, pois tomo muita medicação. Fiz um transplante de fígado e estou com suspeita de rejeição. Vivo de aposentadoria, pago R$ 200 para morar na casa de uma irmã. Preciso qualquer tipo de ajuda, uma casa ou uma cesta básica.

A Brigada Militar está monitorando a situação. A assessoria de imprensa do Departamento Municipal de Habitação informou que o órgão vai aguardar mais informações para depois de manifestar sobre as exigências.


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