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Manoel Soares: "Coitado do racista"

Colunista fala sobre questões raciais que atravessam séculos

21/11/2015 - 10h05min

Atualizada em: 21/11/2015 - 10h05min


Fico imaginando a dor de alguns racistas que vivem por aí. Eles fizeram de tudo para que a "negrada" ficasse na senzala e não se metesse a besta, tirando oportunidade de quem é "naturalmente superior". Aí, os negros organizaram um monte de revoltas. Até um tal de Zumbi arrumaram como herói.

Os racistas, que não são bobos, não deixaram barato: mataram e esquartejaram Zumbi dos Palmares, para ver se eles baixavam a bola. Mas foi pior. A situação saiu do controle quando um "faveladinho preto" metido a intelectual, um tal de Machado de Assis, fundou a Academia Brasileira de Letras. Eles nem sabiam que "preto" lia.

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Aí, outros negros acharam que poderiam também ser pensadores. Aqui no Rio Grande do Sul teve um desses metidos a besta também, Oliveira Silveira. Ele, com um grupo de nome Palmares, pesquisou a história de Zumbi e concluiu que a sua morte foi em 20 de novembro, e a data virou símbolo para o Brasil inteiro.

A pior dor

Depois disso, vieram as cotas raciais, as ações afirmativas e um monte de leis que tentam destruir o trabalho de quase 300 anos de racismo. Como se não bastasse, os racistas, agora, são atendidos por médicos negros e por gerentes de banco de pele escura. Como ousam?

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Mas a dor de verdade nem é essa. Muitos racistas sonhavam ter um netinho loiro de olho azul correndo pela casa. Hoje, amam um pretinho de black power que os chama de vovô. Já a filha vive pendurada no cangote de um negão, que ela chama de meu amor.


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