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Na Capital

Marcos Piangers: "Fiz a primeira corrida do Uber em Porto Alegre"

Comunicador da Atlântida conta a experiência no novo serviço de transporte compartilhado

19/11/2015 - 10h42min

Atualizada em: 19/11/2015 - 10h42min


Divulgação / null

Conheci o diretor de expansão internacional do Uber há mais de um ano, em um evento promovido por empreendedores digitais. Já conhecia o aplicativo, tinha usado o serviço em cidades americanas e acompanhado o crescimento exponencial da companhia, e, na ocasião, fui surpreendido com um convite: eu poderia fazer a primeira corrida do Uber, a Rider Zero, quando o sistema chegasse em Porto Alegre. Nesta semana, finalmente aconteceu.

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A Rider Zero é o marco oficial do aplicativo em uma nova cidade. O Uber hoje atua em 65 países e desde junho do ano passado está no Brasil. A volta inaugural levaria a mim e a meus colegas de Pretinho Básico para uma volta por bares da capital gaúcha. Chovia e, logo que saímos do prédio da Rádio Atlântida, motoristas nos esperavam vestidos de terno, com guarda-chuvas abertos, para evitar que nos molhássemos.

Dentro do carro, bancos de couro e bombons, além de águas oferecidas como cortesia. Meu motorista se chamava Anderson.

- Fomos os três primeiros motoristas cadastrados no Uber Porto Alegre, por isso fomos convidados para esta ação - me explicou. Questionei se ele não esperava alguém mais famoso para a ação.

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- Não posso negar que imaginei que seria a Cristina Ranzolin - respondeu.

Anderson pretende dobrar seu salário atual tornando-se motorista do Uber. Até a semana passada, dirigia um táxi.

- Quem está descontente é o dono de táxi que não dirige o próprio carro, mas contrata motoristas pra trabalharem pra ele - disse.

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Se, por acaso, tiver seu carro destruído por taxistas (como já aconteceu em outros Estados brasileiros) ou for multado pela EPTC, que considera o Uber um serviço de transporte clandestino (multa de R$ 5,8 mil, além de apreensão do veículo), Anderson não terá prejuízo. O Uber se responsabiliza por todos os custos.

- Além disso, meu carro é difícil de identificar como um Uber - afirma Anderson.

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O carro não é um sedan preto, como os carros do serviço costumam ser identificados. Isso porque, em Porto Alegre, o Uber começa a operar apenas com o UberX: um carro comum, de passeio, que qualquer condutor habilitado para levar passageiros profissionalmente pode dirigir. Uma corrida com um UberX é até 25% mais barata do que uma corrida de táxi. Em contrapartida, o Uber cobra uma comissão de 20%.

- Pretendo trabalhar apenas nos horários de pico, de manhã e à noite, e continuar com meu atual emprego durante o dia. Vai ser uma renda extra que, quem sabe, pode se tornar minha renda principal - me contou o Hugo, outro motorista da noite. Algumas pesquisas mostram que motoristas do Uber podem faturar mais de R$ 4 mil por mês.

- No dia em que conheci o serviço, há uma semana, não consegui dormir de tão empolgado. Virei a noite no site, verificando se estaria apto pra ser um motorista - disse.

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Fácil de entrar

Para ser um motorista do Uber, Hugo precisou apenas ter um carro modelo 2008 (ou mais novo) e apresentar toda a documentação de condutor, seguro para passageiros e negativas de antecedentes criminais. Se parece fácil entrar, manter-se como um motorista Uber pode ser complicado: depois de cada corrida o usuário avalia o motorista e as condições do carro.

Se tiver uma média inferior a 4,6 estrelas, de um total de 5, o motorista passa por uma reciclagem.

- Em Belo Horizonte, a avaliação média dos usuários é de 4,8 há mais de 18 meses - garante um porta-voz da empresa.

O sistema é sedutor por conta do tratamento com usuários, mas também por conta de ações de marketing muito bem realizadas.

O Uber está levando mantimentos, gratuitamente, para os atingidos na tragédia de Mariana, em Minas Gerais; realiza o Dia do Sorvete, data em que todos os usuários ganham sorvetes de graça; e tem serviços como o Uber Angel, que resgata bêbados nas portas de bares e, com ajuda de um segundo motorista, leva o carro do usuário pra casa dele em segurança.

O Uber afirma que diminui os acidentes de trânsito nas cidades em que atua, principalmente os acidentes causados pelo álcool. Segundo o site do serviço, apenas no Estado americano da Califórnia, mais de 1,8 mil acidentes foram prevenidos depois da implantação do aplicativo.

Transporte ilegal

Mesmo assim, o Uber é considerado ilegal em todas as cidades em que chega. A empresa teve problemas em cidades americanas, europeias, asiáticas e, claro, latino-americanas. Em julho deste ano, centenas de pessoas ficaram feridas em uma manifestação de taxistas anti-Uber no México. Em Londres, os próprios motoristas do Uber protestaram depois que a empresa aumentou a taxa de cobrança, de 20% para 25%.

Ao redor do mundo, autoridades questionam a falta de regulamentação do serviço, que não paga impostos como uma empresa de transporte público nem emprega diretamente seus motoristas.

Em entrevista a ZH, o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, afirmou que não vai "aceitar que um aplicativo chegue na cidade, explore um serviço e receba um volume de recursos muito alto". O Uber diz que cobra uma "taxa pelo uso do aplicativo", e assim não se enquadra nas leis aplicáveis para outras empresas de mobilidade urbana.

Os motoristas Anderson e Hugo não parecem preocupados.

- Agora, no começo do serviço, vão ser poucos carros habilitados pelo Uber. Deve dar um bom dinheiro - disse um deles.

Parece um começo promissor, mas como ficarão os dois quando houver mais Ubers do que táxis na rua? Conseguirão clientes? O serviço vai manter a qualidade? O que farão se o Uber resolver aumentar a taxa de uso do aplicativo da noite pro dia?

São todas perguntas que as autoridades tentam responder. Não o público. O público, pelo que se vê, está muito satisfeito com corridas mais baratas, carros modernos e bombons em dias de chuva.



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