Pelas Ruas



De novo?

Proteção dos deuses do Olimpo "falha", e estátua da Redenção é destruída

Obra O Menino da Cornucópia já havia passado por restauros nos últimos anos

16/11/2015 - 19h06min

Atualizada em: 16/11/2015 - 19h06min


Jéssica Rebeca Weber
Jéssica Rebeca Weber
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Escultura teve pedaços quebrados e a concha furtada
Foto: Jéssica Rebeca Weber/ Agência RBS

Reza a mitologia grega que Poseidon, o grande deus dos mares, teve um filho com a nereida Anfitrite. O rebento ficou conhecido como Tritão, um mensageiro que aterrorizava marinheiros com o barulho que fazia ao soprar uma espécie de concha.

Mas não há ajuda dos deuses do Olimpo que proteja as estátuas de Porto Alegre do vandalismo. Uma das últimas vítimas foi a escultura em ferro do próprio tritão criança: uma figura de menino nu, com rabo de peixe, que soprava água de sua concha no topo do chafariz do Roseiral, no Parque da Redenção.

A obra, que também era conhecida como O Menino da Cornucópia ou O Menino Nu, foi instalada no começo do século passado na Redenção, perto da UFRGS e da Avenida João Pessoa - em espaço que na época pertencia ao antigo Parque Paulo da Gama. Embora não se saiba o ano exato em que foi feita, é provável que a origem da obra seja francesa, de acordo com o livro A Escultura Pública de Porto Alegre, de José Francisco Alves.

Mas se a ideia de divindade pouco importou, também não foi a história que sensibilizou os vândalos. O tritão menino teve pedaços arrancados e, certo dia, foi derrubado dentro da água. A administradora da Redenção, Regina Patrocínio, acredita que a obra foi arrancada para ser furtada, mas que os ladrões, ao constatarem o peso da estátua, teriam desistido de levá-la. O que restou da estátua foi recolhido pela prefeitura em agosto.

Jardineiro da Redenção há mais de 30 anos, Renato Fraga lamenta os atos de vandalismo no local:

- É uma pena. A gente trabalha para manter uma coisa boa para o público, e vem esses vândalos e destroem tudo.

Regina também atesta que essa destruição é rotina na Redenção:

- Do monumento do Gaúcho (Estátua do Gaúcho Oriental), arrancaram os dedos todos de uma vez. Do Santos Dumont, arrancaram o chapéu. Isso quando não levam tudo: no Viaduto Imperatriz Leopoldina, junto do parque, levaram a Leopoldina.

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A administradora lamenta que, com cada furto e ato de vandalismo, um pouco da história da cidade se perde - afinal, as obras não ficam mais originais. Ela prevê um trabalho caro e complicado na restauração do menino tritão:

- Agora tem que sair atrás de histórico para ver como era a cornetinha, porque não temos esse molde.

Estátua já havia sido reformada nos últimos anos

Em 2002, a peça do menino tritão já havia sido removida para restauração por causa de vandalismo. A recuperação das peças artísticas e do sistema hidráulico custou R$ 24 mil, e a estátua só foi devolvida à Redenção em 2012. De acordo com informações da Secretaria de Cultura, ainda não há prazo e orçamento para realização de novo restauro.

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