Sem conexão
Como o bloqueio do WhatsApp impactou a rotina de taxistas e policiais
Acostumados a usar o aplicativo no trabalho, funcionários buscam meios alternativos para se comunicar
Não foram só as conversas entre amigos e familiares que ficaram prejudicadas desde a a madrugada desta quinta-feira com o bloqueio do WhatsApp. Diversos setores que utilizam o aplicativo para facilitar o trabalho, tanto na comunicação entre funcionários ou até com os usuários, já começaram a sentir o impacto da decisão judicial e estão buscando meios alternativos para manter a velocidade e agilidade na troca de mensagens.
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Acostumados a receber informações sobre o trânsito e chamados de clientes pelo aplicativo, os taxistas estão entre as categorias que mais se mostram incomodadas. Christian Oliveira, 38 anos, afirma que os prejuízos já podem ser sentidos desde as primeiras horas do dia:
– Tenho dezenas de clientes que me chamam frequentemente pelo whats, e por ali mesmo eu aviso eles se estou ocupado, onde estou ou quanto tempo vou levar para buscá-los. Agora, me sinto meio perdido. A solução vai ser ligar para as pessoas, mas nesse caso a gente gasta créditos, o que não é bom.
Christian também utiliza diariamente o serviço em um grupo formado por colegas para trocar informações sobre as condições do trânsito, para pedir ajuda quando fura um pneu, por exemplo, e até para combinar eventos. A prática, hoje tão comum entre taxistas, agora volta a ceder espaço ao rádio e às ligações.
Bloqueio prejudica estratégia policial na Cidade Baixa, diz capitão da PM
O uso do telefone também está sendo uma das estratégias da Brigada Militar para tentar manter a rapidez na troca de informações entre policiais e cidadãos. Conforme o capitão Fernando Maciel, do 9ª Batalhão da Polícia Militar (BPM), o bloqueio do WhatsApp está prejudicando uma das estratégias mais eficazes de policiamento no bairro Cidade Baixa. Há cerca de um ano, Maciel criou grupos para receber informações de policiais e moradores sobre ocorrências na região.
– O pessoal começou a avisar por ali sobre situações de perturbação do sossego, sobre indivíduos suspeitos e até mesmo sobre furto e arrombamento de veículos. Como é em tempo real e todos participam, conseguimos deslocar policiais mais próximos para a região apontada pelo morador – explica o capitão.
A estratégia deu tão certo que, atualmente, são mais de 300 participantes nos grupos. Enquanto o serviço não volta a funcionar, a recomendação de Maciel é de que os moradores voltem a ligar para o tradicional 190 ou para a sede do batalhão para passar informações.
– É o que dá pra fazer por enquanto, mas o tempo entre a troca de informações é maior pelo telefone, algo que estávamos reduzindo muito com o aplicativo. Sem o WhatsApp, ficamos com uma sensação estranha, como um vácuo. As coisas podem estar acontecendo e não sabemos – resume.
Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que utiliza o aplicativo diariamente para divulgar ocorrências à mídia e aos cidadãos, decidiu recorrer ao e-mail para tentar não perder a velocidade no repasse de dados. Conforme o chefe de Comunicação da PRF-RS, Alessandro Castro, o aplicativo começou a ser usado em 2013 como forma de trocar informações sobre ocorrências e de enviar os dados à imprensa.
– Vimos que essa é uma forma de aumentar muito a velocidade na comunicação, e passamos a usar os grupos de WhatsApp para receber avisos de colegas que estão na rua, e para repassar os dados à sociedade. Desde esta manhã, decidimos apelar ao e-mail. Vamos ver o resultado ao longo do dia – explica Castro.