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Morte por câncer de pele cresce 55% em 10 anos no Brasil

Envelhecimento da população e descuido com a pele durante a exposição solar estão entre as principais causas do aumento do número de vítimas

04/01/2016 - 15h33min

Atualizada em: 05/01/2016 - 21h04min


Agência Estado

Tão frequente no verão brasileiro, a busca pelo bronzeado pode esconder uma estatística preocupante: em dez anos, o número de mortes por câncer de pele cresceu 55% no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

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Embora tenha as maiores chances de cura se descoberto precocemente, o tumor de pele matou 3.316 brasileiros somente em 2013, último dado disponível, média de uma morte a cada três horas. Dez anos antes, em 2003, foram 2.140 óbitos.

De acordo com especialistas, o envelhecimento da população, o descuido com a pele durante a exposição solar e a melhoria nos sistemas de notificação da doença são as principais causas do aumento do número de vítimas desse tipo de câncer.

– Gerações que tiveram grande exposição ao sol sem proteção estão ficando mais velhas e desenvolvendo a doença – diz Luís Fernando Tovo, coordenador do Departamento de Oncologia Cutânea da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

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O especialista acrescenta que, além da proteção, é preciso fazer exame dermatológico periodicamente.

– A maior parte das pintas não é câncer de pele. As que devem causar maior alerta são as assimétricas, com bordas irregulares, variação de cores, de diâmetro maior, que apresentam evolução ou mudanças – afirma o médico.

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Não foi somente em números absolutos que a mortalidade por câncer de pele cresceu. Entre os homens, a taxa de óbitos por 100 mil habitantes passou de 1,52 para 2,24 entre 2003 e 2013. Entre as mulheres, o índice cresceu de 0,96 para 1,29 por 100 mil no mesmo período.

O câncer de pele é dividido em dois principais tipos. Mais agressivo e letal, o melanoma surge, geralmente, a partir de uma pinta escura. Já os não melanomas, divididos em carcinoma basocelular e espinocelular, costumam aparecer sob a forma de lesões que não cicatrizam.

O melanoma é o que rende mais preocupação porque tem mais chances de provocar metástase. Ele é responsável por apenas 5% dos casos de câncer de pele, mas corresponde por 46% das mortes.

– Enquanto os melanomas são mais agressivos, os não melanomas raramente matam. Têm um poder de destruição local, mas dificilmente produzem metástase. Os pacientes que morrem desse tipo de tumor geralmente têm uma lesão e deixam para lá, não tratam e passa 20, 30 anos e aí pode atingir órgãos importantes, como o pulmão, o fígado e o cérebro, e causar a morte – explica Dolival Lobão, chefe do Serviço de Dermatologia do Inca.

As estatísticas do instituto mostram que idosos, homens e moradores da Região Sul do país são as principais vítimas do câncer de pele. Do total de mortes em 2013, 57% eram homens e 72% tinham mais de 60 anos. No Sul, a taxa de mortalidade no ano retrasado foi quase o dobro da registrada no país.

Jovens que já tiveram câncer de pele têm mais chance de desenvolver novos tumores

Conforme os especialistas, até mesmo o melanoma tem mais de 90% de chance de cura quando diagnosticado precocemente. A engenheira química Ivana Tacchi, 52 anos, é um exemplo de que a busca por um especialista rapidamente pode ser crucial. No ano passado, ela retirou três melanomas em estágios iniciais e está curada.

– Tomei muito sol na adolescência. Sempre morei em São Paulo e queria tirar o atraso do sol nas férias. Como sou muito branquinha, era aquela situação de um dia de praia e três dias em casa com queimaduras e bolhas – conta.

Os especialistas afirmam que o câncer de pele pode aparecer tanto pela exposição acumulada durante toda a vida quanto por episódios de queimaduras. Por isso é importante usar o protetor solar todos os dias.

Fique atento aos fatores de risco para o câncer de pele

O tratamento mais recomendado para a maior parte dos cânceres de pele é a remoção cirúrgica do tumor. Para alguns tipos de tumores em regiões como o rosto, cuja remoção provocaria danos estéticos, um tratamento inovador tem se mostrado eficaz.

– Na terapia fotodinâmica, aplicamos um creme sobre o local e em seguida jogamos uma luz. Só as células cancerosas absorvem aquele creme. Elas morrem intoxicadas e conseguimos preservar o tecido vizinho. Só serve para tipos não melanoma, mais superficiais – diz Lobão.

*Agência Estado


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