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Na Campus Party, casal ensina público a ser um "nômade digital"

Eles romperam as relações tradicionais de trabalho e criaram os projetos Hypeness, Casal Sem Vergonha e Nômades Digitais

29/01/2016 - 17h45min

Atualizada em: 29/01/2016 - 17h47min


Paula Minozzo
Paula Minozzo
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Jaque e Eme fazem selfie com o público da Campus Party 2016

Desde que saíram da rotina frenética da capital paulista onde moravam, Eme Viegas, 31 anos, e Jaque Barbosa, 25, passaram a ser o símbolo do sonho da geração que cansou do modelo tradicional de trabalho – com carteira assinada e, ao menos, 8 horas por dia dedicados a uma empresa.

Na Campus Party, eles palestraram juntos na noite de quinta-feira, para centenas de jovens que se deslumbram com o estilo de vida de "nômades digitais", como eles se autodenominam. Por cerca de duas horas, eles atenderam os admiradores, posaram para selfies e deram conselhos sobre empreendedorismo e viagens.

– Nossos pais até hoje não entendem o que a gente faz e como a gente ganha dinheiro. Os nossos filhos e com próxima geração vai ser tudo muito melhor. Os pais vão ter vivido esses novos modelos – diz Eme.

Ele trabalhava em uma agência de publicidade e ela como tradutora. Mas há quatro anos, eles criaram a própria empresa, que só precisa de conexão à internet para seguir em frente. Quando cansam de uma cidade, se mudam para outra. Quando querem viajar para outro país é só arrumar as malas. A tecnologia passou a tornar a ideia de escritório fixo algo obsoleto, e é isso que eles querem mostrar. Pela internet, ministram um curso para ajudar quem quer seguir o mesmo caminho, criar a própria profissão e fugir da ideia tradicional de carreira.

– Você se forma, arruma um emprego e começa a se dar conta que as promoções e os aumentos que ganha são para bancar as dívidas que você faz morando numa cidade grande. Então, essa é a corrida dos ratos, você trabalha para pagar suas dívidas e faz mais dívidas para se sustentar – diz Eme.

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Viajando, eles se dedicam aos sites que criaram: o Hypeness, o Casal Sem Vergonha e o projeto Nômades Digitais. No Facebook, a página do Hypeness, um reduto de ideias e histórias inspiradoras, reúne mais de 820 mil pessoas. Outro sucesso é a plataforma que aborda assuntos sobre relacionamento e sexo de uma forma liberal e sem frescura, que também agrega mais de 800 mil usuários na rede social.

Juntos, os três sites atraem mais de 10 milhões de leitores por mês.Atualmente, eles administram uma equipe de 20 pessoas espalhadas pelo mundo que cuidam da contabilidade, criação de conteúdo e tecnologia da informação. No Brasil, uma equipe cuida das amarrações comerciais.

– As pessoas acham que não podem ser nômades com essas profissões, mas nosso computador é nômade – ele instiga.

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Desde o ano passado os dois moram em Florianópolis, antes disso, tinham um sítio em Ilha Bela, no litoral de São Paulo. Pelo mundo, a dupla corre atrás de lugares inspiradores para continuar empreendendo. Hoje, a rotina para administrar os sites e os negócios faz com que as horas de trabalho se estenda por até 12 horas por dia, mas, ao menos, eles enfrentam a rotina de vista para o mar, para as montanhas ou como quiserem.

– Acordar olhando para lugares lindos e pensar que os outros estavam no trânsito já me deixava mais motivado para trabalhar. Sem falar que as nossas reuniões podem ser na praia ou numa cachoeira. Ler os e-mails, por exemplo, pode ser feito num quiosque à beira-mar – conta Eme.

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A ideia de largar tudo e seguir o próprio sonho é romântica e atrai que está cansado de passar o dia dentro do escritório. Mas mesmo que a filosofia do casal pareça um tanto intangível, eles colocam o pé no chão para dar algumas dicas. Uma delas é quitar as dívidas.

– É muito novo esse conceito de trabalhar remotamente. E é preciso de planejamento. Ás vezes as pessoas têm dívidas a quitar, ou precisa ficar no trabalho para ajudar a família. Há vários empecilhos. Acho que é uma questão de entender primeiro como ela vai adaptar o trabalho dela e depois disso vem toda ralação, por que é difícil para caramba. Quando você é empreendedor não existe aquela ideia de acordar sem ter nada para fazer – diz Jaque.


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