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Crianças especiais estão sem transporte em Guaíba

Alunos com problemas como paralisia cerebral estão sem frequentar aulas e terapias por falta de serviço fornecido pela prefeitura

24/02/2016 - 07h03min

Atualizada em: 24/02/2016 - 07h03min


Jeniffer Gularte
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Tadeu Vilani / Agencia RBS

Mais de uma semana após o início das aulas, 36 crianças especiais de Guaíba que dependem do transporte bancado pela prefeitura estão sem frequentar aulas e fazer terapias em instituições de Porto Alegre como a Kinder Centro Integração da Criança Especial, AACD, Cerepal e Vivendo e Aprendendo. O serviço foi interrompido no final de dezembro, sem previsão de retorno. No mês de janeiro, as crianças também ficaram sem acesso a sessões de fisioterapia e hidroginástica, que continuavam sendo ofertados. O problema é recorrente: em maio do ano passado, o Diário Gaúcho denunciou situação semelhante no município.

Sem licitação desde o ano passado, o serviço ainda não foi contratado devido a estudos de duração do contrato e análise de quilometragem realizada nos roteiros, explica a secretária de municipal de Educação, Lucia Polanczyk. A licitação deve ser aberta na sexta-feira e estar concluída apenas em 90 dias.

As mães se reuniram com a Secretaria de Educação no dia 12 de fevereiro na esperança da continuidade do serviço e, de lá para cá, estão sem respostas. Ao irem atrás de informações por telefone, contam que sequer são atendidas. Enquanto isso, as crianças estão na mão, correndo o risco de perder as vagas nas instituições. 

- Já nos avisaram (na escola) que por uma semana vão abonar as faltas, mas que, se até o fim dessa semana eles não forem, poderemos perder lugar, porque tem fila de espera - comenta a dona de casa Angela Maria Moraes Saldanha, 52 anos.

Ela é avó de Lorenzo, quatro anos, que tem paralisia cerebral e frequenta a Kinder de segunda a sexta-feira. No local, além das aulas, faz fisioterapia e fonoaudiologia.

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Regressão
E a preocupação vai bem além das faltas. Para crianças em que cada pequeno avanço é comemorado, as mães receiam a regressão das conquistas físicas dos filhos. Maria Tuchtenhgen de Lacerda, 40 anos, tem uma filha de 13 anos com paralisa cerebral. Vitória não sentava e era alimentada somente com sonda até os 11 anos. Frequentando a Kinder, ela conseguiu ter um desenvolvimento que nem Maria acreditava ser possível. No local, além das aulas, Vitória faz fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional:

- Nossos filhos foram deixados de lado. Sem fisioterapia, minha filha fica com o corpo rígido. Ela fica irritada, estressada porque adora a rotina que tem.


Esforço para não deixar o filho longe da hidro
Na falta do transporte especial, para não deixar o filho Christian, oito anos, sem aulas de hidroginástica, a dona de casa Gisele Silveira, 39 anos, pega quatro ônibus no trajeto de ida e volta do Morro da Colina, em Guaíba, até o Cerepal, no Bairro Passo D'Areia, em Porto Alegre. 

- Durante o ano, ele vai todos os dias e faz também fisioterapia. Mas, para ele não ficar todo torto, tenho trazido ele ao menos uma vez por semana.

Christian frequenta o Cerepal há cinco anos. Em nome do bem-estar do menino, a mãe caminha com ele 25 minutos de estrada esburacada - por que falta de acessibilidade, é impossível levá-lo pela calçada - até o terminal do ônibus para não embarcar no coletivo lotado na parada mais próxima de casa. 

- É um sacrifício, eu já chego na parada suando, mas eu sei que quando ele chegar lá, vai relaxar.

Retomada na semana que vem
Para voltar a oferecer o transporte às crianças até que a licitação do serviço seja feita, a secretária de municipal de Educação, Lucia Polanczyk, encaminhou pedido à Procuradoria do Município solicitando a contratação emergencial de micro-ônibus especiais.

A previsão é de que o contrato seja assinado até o final da semana, com possibilidade de o atendimento ser retomado na semana que vem. São transportadas 15 crianças pela manhã e 21 à tarde. O custo anual do transporte para todo o grupo é de R$ 241,6 mil.

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 Mães querem a volta do transporte.Foto: Tadeu Vilani

 Gisele leva Christian de ônibus. Foto: Tadeu Vilani


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