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Felipe Bortolanza: "#PeloamordeDeus: xô, vírus!"

23/03/2016 - 11h19min

Atualizada em: 23/03/2016 - 11h23min


Felipe Bortolanza
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Não vou negar que acho curioso alguns filmes caseiros postados por pais, amigos ou proprietários de animais de estimação. São amadores e, quase sempre, parte de alguém conhecido. Agora, tenho uma regra pra mim: se o post contiver a inscrição "vídeo viraliza nas redes sociais" eu não clico. Mas de jeito nenhum. Sabem por quê?

Antes da explicação, alguns exemplos: "Cachorro permanece ao lado de dono enquanto seu dono afunda na lama e vídeo viraliza nas redes sociais".

"Gato tem tombo espetacular de telhado, cai com as quatro patas no chão e vídeo viraliza nas redes sociais".

"Criança dança ao som de MC Bin Laden e vídeo viraliza nas redes sociais".

"Modelo corre à beira-mar, fica suada e vídeo viraliza nas redes sociais".

#PeloamordeDeus! Desliguem o facebook que eu quero descer. A inundação de manchetes deste tipo faz da minha timeline um poça gigantesca de obviedades exaltadas a fatos extraordinários. E sabe como é: água parada atrai mosquitos, e mosquitos disseminam vírus. E vírus fazem mal à saúde, física e mental. Entenderam o porquê de eu estar fora destas pseudonotícias?

Ou alguém não sabe que suamos correndo, que gato não cai de lombo no chão, que o cachorro é o melhor amigo do homem e que as crianças são inocentes? Mas tem pior do que o óbvio elevado à novidade.

E a folha na cara? Que tal!?

Desconfio que exista uma indústria de profissionais dos virais. Dias atrás, o maldito vírus estava incubado em fotos de meninas e mulheres (quiçá tenha contagiado homens também) que posavam com folhas A4 na frente da barriga. A doença era: mostrar que a cintura era mais estreita que a largura do papel (21cm)! Pra que isso?

#PeloamordeDeus! Não tem algo mais útil do que celebrar um estereótipo do corpo magérrimo? Essas pessoas não têm um livro pra ler, um idoso para visitar, um terreno para carpir, um tema para fazer? Neste caso, o que viraliza não são as fotos, mas o egocentrismo somado à ignorância.

Sugiro aos participantes um desafio mais fácil: postar foto cobrindo o cérebro. A maioria poderá usar um folha transparente.


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