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Contra o Aedes

Mais de um mês após anúncio do Ministério da Saúde, grávidas ainda aguardam distribuição de repelentes

Ministro da Saúde anunciou distribuição de repelente para grávidas há um mês mas, até agora, não há sequer previsão de chegada nos postos de saúde

01/03/2016 - 10h50min

Atualizada em: 01/03/2016 - 10h50min


Jeniffer Gularte
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Adriana Franciosi / Agencia RBS
Gislaine se frustou ao ir ao posto de saúde

Pouco mais de um mês após o Ministério da Saúde anunciar a distribuição de repelentes para grávidas que participam do programa Bolsa Família, não há sequer previsão de quando os produtos estarão disponíveis nas unidades de saúde.

A ação, que ainda não passou do discurso do ministro Marcelo Castro, buscaria intensificar o combate ao mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, a febre chikungunya e o vírus zika, ligado a casos de microcefalia em bebês de mães que tiveram a doença durante a gestação.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério confirmou que serão investidos R$ 300 milhões na compra dos produtos, mas informou que não foi definida como será a entrega dos repelentes nem quando ela ocorrerá. A Secretaria Estadual de Saúde adianta que não recebeu nenhuma diretriz quanto à distribuição e ao recebimento dos itens.

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De mãos abanando

Mesmo sem previsão de chegada, o produto já é esperado ansiosamente por grávidas como Gislaine Coutinho da Silva, 26 anos, com seis meses de gestação. Assim que viu na tevê a notícia de que o governo distribuiria repelentes para as grávidas, a moradora do Loteamento Santa Terezinha, no Bairro Floresta, na Capital, foi ao Centro de Saúde Santa Marta em busca do produto. Além de não ter conseguido, saiu sem previsão alguma de quando obter o repelente gratuitamente. 

- Anunciaram, mas não sabem nos dizer quando teremos repelente. Assim, terei que comprar de qualquer jeito - diz Gislaine, que é beneficiária do Bolsa Família e, portanto, entraria na lista do Ministério da Saúde.

Na tentativa de driblar o mosquito, Gislaine fecha todos os vidros da casa e está sempre com o ventilador ligado. Com lixo e água parada na esquina de casa, teme pelo contágio, mesmo estando no final da gravidez.

A chefe da Vigilância Ambiental em Saúde do Estado, Lucia Mardini, explica que a distribuição de repelentes seria importante, principalmente nos 185 municípios do Estado que registraram infestação com o Aedes aegypti. Porém, ela ressalta que, no caso do Rio Grande do Sul, a importância é maior para prevenir a dengue do que o zika vírus:

- É importante a grávida usar em qualquer período, mas, até o momento, não há nenhum indício de que o zika esteja circulando no Estado.

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<TIT CXA 2COL>Na Capital, apenas com sintomas

Dos 12 municípios da Região Metropolitana consultados pelo Diário Gaúcho, apenas Canoas já está distribuindo repelente, com recursos próprios. Na Capital, a Secretaria Municipal de Saúde deve ter, a partir desta sexta-feira, distribuição de repelentes, mas apenas para pessoas que apresentam sintomas de dengue, zika ou chikungunya, independentemente do sexo ou da condição de gravidez. Foram compradas, com recursos próprios, 3,5 mil unidades do produto.

- A pessoa irá receber se está com sintomas e se o caso foi notificado. Queremos minimizar o ciclo de transição do vírus. Não será distribuído para quem não tem os sintomas destas doenças - explica a coordenadora adjunta da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, Charleni Schneider.

Em Eldorado do Sul, a prefeitura deve abrir o processo de compra para distribuir para as grávidas atendidas nos postos de saúde. Em Esteio, a licitação foi aberta, mas a prefeitura enfrenta dificuldade para encontrar o produto no mercado.

A falta de informações sobre o recebimento dos repelentes faz secretário municipal de São Leopoldo, Julio Galperim, não ter nem perspectivas de receber o produto. Se fosse para a prefeitura comprar, ele afirma que não haveria como arcar com a despesa:

- É evidente que é importante termos este serviço, mas os municípios estão quebrados, não teriam como bancar.

<TITULO COLUNA 1>Prefeitura assumiu a distribuição em Canoas

Para não ficar na espera do governo federal, a prefeitura de Canoas começou a distribuir por conta própria repelentes para as gestantes do município com até 15 semanas de gravidez - a microcefalia tem maiores consequências quando atinge mulheres no primeiro trimestre da gestação.

A mulher precisa ser moradora de Canoas e tem que comparecer em uma das sete farmácias básicas do município, com cartão Canoas Saúde ou RG. Para retirar o produto, também deve também apresentar a receita do Sus ou de convênios, em duas vias, com validade de um mês.

Grávida de 14 semanas, a pizzaiolo Luana Silva Carvalho, 21 anos, buscou na semana passada o repelente. Ela já havia usado dois tubos que tinha comprado e recebeu mais dois na farmácia do Bairro Mathias Velho.

 
Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS

- Fico assustada mas tento não ficar nervosa para prejudicar o bebê. Em casa também tenho tela nas janelas e cuido para não acumular lixo no pátio.

<TITULO COLUNA 1>Dá para confiar em repelente caseiro?

Tenha cuidado com as receitas de repelentes caseiros que circulam pela internet. A professora do curso de Farmácia da Unisinos, Ana Luiza Maurer da Silva, não recomenda o uso de itens caseiros. O principal receio é de manchas na pele e queimaduras, no caso da utilização do álcool como ingrediente. Sem falar na possibilidade de alergias. O ideal, segundo ela, são os produtos registrados pelo Ministério da Saúde e que contenham as substâncias DEET e IR3535.

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