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Aumento de casos em Porto Alegre

Diminuição do efeito da vacina ao longo dos anos pode explicar surtos de caxumba, dizem especialistas

Número de notificações na Capital neste ano já chega a quase um terço do que foi registrado em todo 2015

05/04/2016 - 16h57min

Atualizada em: 05/04/2016 - 19h25min


Camila Kosachenco
Camila Kosachenco
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Uma doença viral que remete à infância vem chamando a atenção dos porto-alegrenses. E não é por sua gravidade, mas sim pela quantidade de casos notificados. De janeiro até agora, a Capital já registrou 65 casos de caxumba, contra 154 em todo 2015. Os dados são da Secretaria Municipal da Saúde. A notícia de que, apenas no time do Grêmio, três jogadores foram afastados em função da enfermidade, levantou dúvidas sobre a propagação da doença.

Ainda que não seja possível concluir o que motivou o aumento no número de casos, duas hipóteses devem ser consideradas: uma é a falta de imunização na infância e a outra é a durabilidade da vacina.

Conversa ao vivo
Nesta quarta-feira, a partir do meio-dia, o infectologia Juarez Cunha participará de uma conversa ao vivo na página de ZH no Facebook. O especialista responderá as principais dúvidas dos leitores sobre caxumba. Acesse facebook.com/zerohora e participe.

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– Esperamos que haja boa cobertura vacinal. A gente tem dúvida se as pessoas fizeram as duas doses da vacina que são preconizadas atualmente. Segundo, há um problema com relação à vacina em si. Parece que ela não dá cobertura para a vida inteira, e a proteção cai com o passar dos anos, por isso temos visto casos em adolescentes e jovens. Talvez eles tenham feito na infância, mas a proteção foi perdida – avalia o coordenador da Equipe de Vigilância em Doenças Transmissíveis da Secretaria Municipal da Saúde, Benjamin Roitman.

O chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Paulo Behar, também sugere que a grande circulação de pessoas por diversos lugares do país e do mundo, mais do que em anos anteriores, possa ter contribuído para esse aumento, afinal, cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, e países como Estados Unidos e outros da Europa também apresentam surtos de caxumba.

Diferente da gripe A e da dengue, que podem levar à morte, a caxumba não é considerada uma doença perigosa. Contudo, em raríssimos casos, pode evoluir para uma meningite leve e inflamação nos órgãos reprodutores:

– Pode causar orquite nos homens, que é inflamação dos testículos, e na mulher, ooforite, que é inflamação dos ovários.

Ainda de acordo com Behar, a doença também pode inflamar o pâncreas.

– Mas depois tudo volta ao normal. É considerada uma doença benigna, que não deixa sequelas – garante.

Prevenida por meio de uma dose da vacina tríplice viral, administrada aos 12 meses, e uma segunda da tetra viral, aos 15 meses, a imunização pode e deve ser feita por jovens e adultos quando há registros de surto. Diante dessa situação, Roitman orienta que as instituições que tiverem surtos informem a Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde para que sejam feitas as notificações e para que órgão disponibilize as doses da vacina. A pessoa fica efetivamente protegida depois de aproximadamente 15 dias após a aplicação, que é gratuita na rede pública de saúde.

Apesar da vacinação da infância, os especialistas concordam que, ao longo dos anos, a vacina possa perder a sua eficiência.

Doença não tem tratamento específico

Na manhã desta terça-feira, o coordenador da Vigilância de Porto Alegre entraria em contato com o Grêmio, que três teve casos da doença dentro do plantel oficial. Conforme Roitman, o clube não notificou as ocorrências, o que é fundamental em casos de surto para que seja providenciada a vacinação das demais pessoas. Depois da sinalização, Porto Alegre passará a ter 68 notificações.

O surto na equipe Tricolor começou depois do jogo contra o San Lorenzo, em Buenos Aires, quando Luan apresentou o quadro. Na última sexta-feira, foi a vez do atacante Henrique Almeida ter o diagnóstico para caxumba. Ramiro foi o último a se afastar em função da doença, que pode acometer mais jogadores:

– O período de incubação é de 10 a 15 dias. Tivemos o Ramiro com a manifestação agora. Alguns podem já ter pego de outros e vir a se manifestar nesta semana. Mesmo após o caso do Luan, a vacina não teria impedido (a transmissão) – disse o médico do Grêmio Márcio Bolzoni em coletiva de imprensa nesta segunda. O clube está buscando informações com especialistas para avaliar o melhor momento para imunizar os demais integrantes do grupo.

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Sem tratamento específico para curar a caxumba, Behar indica que pessoas com o diagnóstico para a doença fiquem em repouso e aumentem a ingestão de líquidos. Os pacientes podem usar analgésicos para aliviar as dores.



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