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Violência

ENTREVISTA: "Ouvi um gritar: 'perdeu, perdeu, perdeu'. Logo, ele atirou e saiu", conta policial baleado

Vítima, que está aposentada da Brigada Militar, já foi baleada na mesma papelaria há seis anos

12/04/2016 - 20h33min

Atualizada em: 12/04/2016 - 20h33min


Pâmela Rubin Matge
Pâmela Rubin Matge
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Maiara Bersch / Agencia RBS

Já em casa, na companhia da família, o policial da reserva de 61 anos que foi baleado durante uma tentativa de assalto na manhã desta terça-feira, em Santa Maria, falou com a reportagem do "Diário". A vítima, que não quer ser identificada, contou que lia o jornal e conversava com um amigo, também policial, sobre a onda de assaltos na cidade quando uma dupla de bandidos invadiu o estabelecimento, por volta das 9h.

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 Segundo o Batalhão de Operações Especiais(BOE) da Brigada Militar, cerca de meia hora após o assalto, os dois suspeitos foram localizados e encaminhados à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA). Um deles era foragido da prisão. A polícia também apreendeu com eles um revólver calibre 38.

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Como foi a conversa com o vítima:

Diário de Santa Maria - O que o senhor fazia quando os assaltantes chegaram?
Vítima - Eu estava conversando com meu amigo. Falamos da política, de tudo que anda acontecendo e dos assaltos na cidade. Baixei a cabeça para ler o jornal, não deu 10 segundos e ouvi um gritar: "perdeu, perdeu, perdeu. É um assalto, vamos, vamos." Quando olhei para frente, vi que o cara estava com a arma na cabeça do meu amigo. Logo, ele atirou e saiu correndo.

Diário - E o que aconteceu depois?
Policial - Foi aquela correria, tinha uma dez pessoas lá dentro. Eu levei o tiro no braço direito e logo perdi a força da mão. Tentei correr atrás do que me atirou, mas ele fugiu com o outro que estava esperando na porta. Estavam de cara limpa, sem touca. Meu amigo, que é policial, pegou meu carro e saiu atrás deles. Eu fui no banheiro me levar e, depois, me levaram de carro à UPA.

Diário - Então, o senhor estava lá a trabalho?
Vítima -Não. Até porque não sou funcionário. Sou um colaborador, ajudo o pessoal há tempos, sou amigo deles. Eu estava lá para pagar umas contas. Eles recebem luz e água lá.

Diário - O senhor não estava armado?
Vítima - Tenho arma registrada, tenho porte, mas hoje não saí armado.

Diário - O senhor já tinha passado por situação como a de hoje quando estava na ativa?
Vítima - A trabalho não. Nunca fui baleado e nunca baleei ninguém em mais de 30 anos. Já trabalhei fazendo patrulhamento em vários bairros de Santa Maria, conheço todo mundo. Trabalhei tempo no presídio daqui e na Penitenciária Estadual do Jacuí, em Charqueadas. Mas, no dia 18 de janeiro de 2010, eu estava na porta da mesma papelaria quando dois assaltantes armados chegaram. Tentei tirar o revólver de um deles e acabei levando um tiro na perna direita. Eles fugiram e nunca fiquei sabendo o que aconteceu com eles.

Diário - O senhor pretende continuar indo lá ou vai ficar mais em casa?
Vítima - Eu estou tranquilo. Não há o que fazer. O problema não é a falta de segurança, é a Justiça falha que prende hoje e solta amanhã.

 


 


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