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Acidentes de trabalho

Um trabalhador morre a cada 55 horas no Rio Grande do Sul

Anuário da Previdência Social mostra que o Rio Grande do Sul registrou 159 mortes no trabalho em 2014 e ocupa o terceiro lugar no ranking nacional. No dia em memória às vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, a palavra de ordem é prevenção.

28/04/2016 - 10h00min

Atualizada em: 28/04/2016 - 10h01min


Roberta Schuler
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Argemiro teve sua capacidade laboral reduzida após acidente

Hoje é o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais. Além de lembrar os trabalhadores que perderam a vida, ou tiveram a capacidade laboral reduzida em acidente enquanto buscavam garantir o sustento, a data é importante para reforçar a necessidade de prevenção.

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Conforme o último Anuário Estatístico da Previdência Social, com dados referentes a 2014, um trabalhador morre a cada 55 horas no Estado, que registra mais de 163 acidentes de trabalho por dia – no ano todo foram 59.658 acidentes e 159 mortes (19 a mais que em 2013). O Estado ocupa a terceira posição no ranking nacional, ficando atrás apenas de São Paulo (239.280) e Minas Gerais (73.649). No país, ocorreram 704.136 acidentes, com 2.783 mortes em 2014. Em relação a 2013, houve queda de 2,97% no número de acidentes.

Conforme o desembargador Raul Zoratto Sanvicente, coordenador do Programa Trabalho Seguro no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região/RS, os números alarmantes se devem à falta da cultura de prevenção. Improvisação, negligência e falta de equipamentos de proteção individual (EPI) completam o cenário que favorece a ocorrência de acidentes.

A terceirização também traz maiores riscos por conta da precarização das condições de trabalho – a cada dez acidentes laborais, oito ocorrem em atividades terceirizadas. E a cada cinco mortes no trabalho, quatro acontecem na terceirização.

– É errado atribuir os acidentes à fatalidade. Os empregadores e os empregados devem investir mais na prevenção. É necessário fazer uma análise dos riscos de cada atividade, e criar um plano preventivo contra eles.

O magistrado destaca também o problema da subnotificação dos casos de acidentes de trabalho. O anuário considera apenas acidentes com trabalhadores que tem carteira assinada.

– No programa (Trabalho Seguro, do TRT da 4ª Região), tentamos criar uma linha junto à rede pública de saúde quando o trabalhador informal busca atendimento. Mas muitas vezes, o próprio trabalhador mascara a situação – destaca. Para o desembargador, a saída para reverter os acidentes é mudar a cultura.

– O acidente trava a vida da pessoa, da família, da empresa, da previdência, do sistema público de saúde. É antieconômico em todos os sentidos – afirma.

Argemiro perdeu parte da capacidade de trabalho

Em 2000, o mecânico de refrigeração Argemiro de Oliveira Paula, 53 anos, de Viamão, sofreu o primeiro acidente quando trabalhava num hipermercado da Capital. Na montagem de um balcão, sua coluna travou de tal maneira que foi necessário operar e colocar seis parafusos.

– Como tu precisa trabalhar, volta mesmo que não esteja bem curado – conta.

Já em 2002, fraturou o cotovelo direito ao bater com o braço numa parede ao tentar esquivar-se de um bloco de gelo que caía de uma câmara fria. Em função do acidente, teve redução de sua capacidade de trabalho. Além de indenização por danos morais, recebe um pensão mensal vitalícia referente a 25% de sua remuneração.

– O erro é o chefe achar que não precisa colocar mais um funcionário. Mas uma vida custa caro – lamenta o trabalhador que, ao todo, fraturou três vezes o mesmo braço e foi submetido a cirurgia para colocação de pinos.

A data

A data foi escolhida em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores numa mina no Estado da Virgínia (EUA), ocorrido dia 28 de abril de 1969. A OIT, desde 2003, consagra a data à reflexão sobre a segurança e saúde do trabalhador. Desde maio de 2005, o dia 28 foi instituído no Brasil pela lei 11.121.

Setores em que mais ocorrem acidentes


Os setores que apresentaram maiores índices de acidentes de trabalho típicos em 2014 foram comércio e reparação de veículos automotores (13,13% do total) e saúde e serviços sociais (12,87%). Com relação às doenças de trabalho, os maiores índices foram verificados nos setores atividades financeiras (17,6%) e fabricação de veículos e equipamentos de transportes (10,16%). Entre os trabalhadores acidentados, 68% são homens. A faixa etária mais atingida foi a de 30 a 34 anos, com 117.367 acidentes, representando 16,7% do total.

Números

Acidentes de trabalho no Brasil

2012: 713.984
2013: 725.664
2014: 704.136

Mortes em acidentes de trabalho no Brasil

2012: 2.768
2013: 2.841
2014: 2.783

Incapacidade permanente no Brasil

2012: 17.047
2013: 17.030
2014: 13.833

Acidentes de trabalho no RS

2012: 55.397
2013: 59.950
2014: 59.658

Mortes em acidentes de trabalho no RS

2012: 166
2013: 141
2014: 159

Incapacidades permanentes no RS

2012: 1312
2013: 1228
2014: 1002

Fonte: Anuário Estatístico da Previdência Social

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