Por três meses, os quatro andares de um prédio centenário à esquina das ruas Vigário José Inácio e Jerônimo Coelho, no centro de Porto Alegre, ganham contornos de lar: com estofamento revitalizado, poltronas e sofás mobíliam salas de estar e áreas de convivência, quadros antigos recebem novas molduras e prateleiras vazias são preenchidas com brinquedos. A louça antiga deixou os armários para repousar sobre uma das mesas compridas do refeitório.

Desativado no fim de 2015, o antigo pensionato administrado por irmãs franciscanas se prepara para receber, a partir de hoje, um tipo especial de morador: pacientes dos hospitais da Santa Casa e seus familiares. A chamada Casa de Apoio Madre Ana, que dará preferência a famílias pobres, será inaugurada hoje para oferecer moradia e alimentação a dezenas de pessoas de fora da Capital durante o período de internação de parentes ou que estejam em tratamento.

– Fazia tempo que tínhamos essa necessidade. Encaminhávamos algumas pessoas a outras casas de acolhimento, por meio do Serviço Social da Santa Casa, mas o número era insuficiente – lembra o cardiologista Fernando Lucchese, diretor do Hospital São Francisco da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

A oportunidade de estabelecer a Casa de Apoio Madre Ana surgiu no fim do ano passado, quando as religiosas que viviam no local – a maioria com idade avançada – decidiram pôr fim às atividades do pensionato. Ao saber da necessidade do hospital, resolveram doar o imóvel, sob algumas condições: que seu uso ficasse restrito à caridade e que fosse mantido o nome antigo no novo local.

– Madre Ana foi quem iniciou as atividades das irmãs na Santa Casa e na residência. Queríamos honrar a memória dessa história – conta a irmã Vera Konzen, presidente da Associação das Irmãs Franciscanas.

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A doação das religiosas foi apenas a primeira de uma cadeia de outras que, nos últimos meses, tem proporcionado a revitalização das dependências para a chegada dos novos inquilinos. Além da ajuda dos grupos de voluntárias vinculados ao hospital e das doações de grandes empresas, pequenos comerciantes têm contribuído com materiais e serviços, desde a troca do estofamento dos móveis à confecção de cortinas e almofadas.

Dona de uma galeria a poucos metros da Santa Casa, Hanni Lore Krey dispôs-se a trocar a moldura de um dos quadros da casa a pedido da voluntária Anna Cleuza Andrade Gomes. Mas, ao visitar a casa, achou que poderia contribuir com um pouco mais.

– Quando chegamos lá, eu vi que tinha muitos outros quadros precisando de molduras, e resolvi trocar todas – diz a empresária, que, na sexta-feira, escolhia o contorno das imagens que enfeitariam a sala de recreação infantil. Entre molduras e quadros, doou cerca de 30 peças ao local.

O trabalho comunitário dará o tom das atividades na Casa de Apoio, que também contará com uma equipe de apoio de funcionários da Santa Casa. Novos moradores serão acolhidos e orientados por Rosely Freire Rosa e Ernani Rosa, casal de missionários católicos que veio do interior de São Paulo especialmente para a atividade.

Os primeiros hóspedes devem ser de fora do Estado. Segundo a assessoria de comunicação da Santa Casa, uma mãe e um bebê vindos do Maranhão, que chegaram à Capital nesta segunda-feira, podem ser os primeiros a habitar o local enquanto a criança aguarda pela internação para uma cirurgia cardiovascular.

Inicialmente, a casa com 60 quartos terá apenas 30 apartamentos disponíveis. Ainda não há previsão para a liberação dos demais dormitórios do local, que será mantido com doações – o custo de manutenção, segundo a Santa Casa, é estimado entre R$ 80 mil e R$ 90 mil mensais. A seleção dos moradores da Casa de Passagem se dará por meio do Serviço Social do hospital.

Como ajudar

Depósito em conta
Banco Itaú
Agência: 5906
Conta: 17293-6
CNPJ: 92.815.000/0001-68

Carnê
Contribuição de R$ 60 por mês, pelo período de um anoO envio do carnê pode ser solicitado pelo e-mail casadeapoio@santacasa.tche.br

Doação direta
Tesouraria da Santa Casa
Rua Prof. Annes Dias, 295
De segunda à quinta-feira, das 9h às 11h e das 14h às 16h. Sextas-feiras, das 9h ao meio-dia e das 14h às 16h