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Animais de moradores de rua terão espaço em nova sede do Albergue Municipal de Porto Alegre

Na quarta-feira, Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) anunciou construção de canil para os bichos de estimação

16/06/2016 - 14h05min

Atualizada em: 16/06/2016 - 17h20min


Recusa em abandonar animais é empecilho para que moradores de rua vivam em albergue

A companhia fiel de boa parte dos moradores em situação de rua terá lugar na nova sede do Albergue Municipal de Porto Alegre, prevista para inaugurar ainda no mês de junho. Na quarta-feira, dia 15, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) anunciou a construção de um canil para os bichos de estimação dos desabrigados. A expectativa é que, dando guarida aos animais, os donos se sintam estimulados a frequentar o lugar.

A iniciativa é uma parceria firmada entre a Fasc e a Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda), e acata um pedido dos próprios moradores em situação de rua. De acordo com o presidente da Fasc Marcelo Soares, muitos deixam de dormir no albergue porque não querem dar as costas para os animais.

– O animal passou a fazer parte da vida dos cidadãos. Com os moradores de rua, não é diferente – observa Marcelo.

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O canil terá oito boxes, onde gatos e cachorros ficarão abrigados enquanto os donos dormem no albergue. Quando acordam e vão embora, os animais seguem junto. Caso a medida seja bem recebida entre os frequentadores, há possibilidade de o canil aumentar. Segundo Marcelo, a equipe da Fasc será capacitada para receber os animais.

Medidas de prevenção como vacinação e aplicação de vermífugos, já realizadas nos Centros Pop, que oferecem lazer e alimentação aos moradores em situação de rua, serão intensificadas na nova sede do albergue. De acordo com a secretária adjunta da Seda, Fabiane Tomazi Borba, o ponto delicado é a castração dos bichos, que encontra resistência entre os donos. Para solucionar o impasse, a educação sobre cuidados animais também será uma preocupação.

– O albergue é um local público, com muita circulação de pessoas. A gente quer garantir a saúde dos animais – pretende a secretária.

A voluntária Maristela Cunha, da Ong Mãos Unidas, observa que a recusa em deixar os bichos de estimação na rua enquanto dormem no albergue não é o único empecilho para que os desabrigados frequentem o lugar. O vício em drogas, como o álcool, também faz com que parte dessas pessoas recuse o abrigo.

A outra parte, reconhece Maristela, que há 15 anos trabalha com os moradores em situação de rua, tem nos animais de estimação uma companhia para enfrentar a vida sem a proteção de um teto. Por causa disso, a voluntária vê no canil do albergue um avanço nas políticas para a população de rua.

– O apego deles (aos animais) é muito grande. Muitos recusam um lar porque não têm onde colocar os cachorros. Se a prefeitura fizer isso, vai ser um gol – diz Maristela.

De acordo com o presidente da Fasc, o canil começará a funcionar assim que a nova sede do Albergue Municipal for inaugurada. Além da estrutura para os animais, o novo prédio deverá ter espaço ampliado para os moradores em situação de rua, aumentando de atuais 120 para 220 vagas.

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