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Crônica

tema_de_casa.com

29/06/2016 - 14h37min

Atualizada em: 29/06/2016 - 14h37min


Felipe Bortolanza
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Ser pai é um constante aprendizado. Muitos já disseram isso. E, a cada dia, mais tenho esta frase como muito verdadeira. E o aprendizado desta semana foi perceber que, beirando os 40 anos, voltei a lidar com "temas de casa". Meu guri está com cinco anos, ainda não está alfabetizado, portanto. Mas a escola dele não se limita a ser palco de brincadeiras.

Os pequenos já recebem uma boa carga de estímulo à busca por conhecimento. E isto é um processo fantástico de descobertas. Para eles e para os pais.Vou falar da minha experiência mais recente. E a parte cômica é o choque de gerações, claro.

O tema de casa era pesquisar sobre o pintor mexicano Diego Rivera. Meu instinto foi dizer:

– Quem é esse? Nunca ouvi falar!

Por sorte, pensei melhor e não quis pagar este mico na frente dele. Afinal, todo pai quer ser ídolo, exemplo de inteligência e referência de boas maneiras durante 100% do tempo.

– Vamos pesquisar, então!

– No tablet, né, pai?

Enquanto buscava as informações, viajei no tempo. Quando criança, como sobrevivemos sem o Google? Não com cinco anos, claro, mas, a partir dos oito, não lembro de ter levado minha mãe ou meu pai até a biblioteca! Mas meu filho e eu estávamos ali, diante da tela, pesquisando sobre o mexicano que fez fama com o muralismo usando a técnica da encáustica. Não sabe o que é isto? Vai pesquisar, é bem legal!

Aprendi, além de assuntos artísticos, que entre os constantes aprendizados está o de fazer lições nesta época de tema.de.casa.com. Tudo parece mais fácil, né? E isso me preocupa. O esforço de folhar livros, pesquisar em enciclopédias e anotar tudo na mão nos cadernos (não existia o mágico "control C, control V") ajudava a fixar a memória. Lembro até do cheiro da Barsa. Vibrava como se fosse um gol a cada resposta que eu achava naquele livro imenso. E caro: pobre do vendedor que batia lá em casa, nunca vendeu uma...

Pensando bem, livros, revistas e enciclopédias foram, praticamente, minhas únicas fontes de pesquisa até minha formatura em Jornalismo. Em 1998, quando finalizei o curso na Fabico (UFRGS), só tinha escrito texto em aula em máquina de escrever! Imaginou? Pois é, e só se passaram 18 anos.

Ah, você tem menos de 18 e não sabe o que é máquina de escrever? O Google Imagens te ajuda! Lembra um computador, mas sem tela. A vantagem é que jamais deu pane e nunca perdi texto pronto.

As desvantagens? Bom, deixa assim.


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