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Lava-Jato

Cardozo diz que prisão de Funaro é mais uma prova de que Cunha quis parar investigações

Advogado da presidente afastada disse que o operador tentou obstruir a Operação Lava-Jato

01/07/2016 - 20h30min

Atualizada em: 25/07/2016 - 10h47min


Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo
Wilson Dias / Agência Brasil

Advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-ministro José Eduardo Cardozo afirmou nesta sexta-feira que a prisão do operador Lucio Funaro, pela Polícia Federal, é "mais uma prova" de que o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) liderou o processo de impeachment para obstruir as investigações da Operação Lava-Jato. Funaro, ligado a Cunha, foi acusado pelo ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) Fabio Cleto, em delação premiada, de fazer parte do esquema de propina envolvendo o fundo de investimento do FGTS.

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Cleto admitiu participação nos desvios de recursos e disse agir em conjunto com Cunha, que o indicou para o cargo na Caixa. Com base na delação de Cleto, a polícia desencadeou nesta sexta-feira a Operação Sépsis.

– Essas investigações acabam atingindo o processo porque demonstram as verdadeiras razões pelas quais muitos defendem o impeachment. O presidente Eduardo Cunha iniciou o processo para se safar de cassação de mandato e parar as investigações. Eduardo Cunha dizia que sofria perseguição do governo e com base nisso desencadeou o processo, com o objetivo de parar as investigações que caíam sobre ele. O que se vê é que não havia perseguição e que ele queria parar a investigação porque sabia onde ela ia chegar. As pessoas sabiam onde ia chegar e queriam afastar a presidente porque ela não impedia as investigações, não obstruía – disse Cardozo, antes de iniciar palestra no Instituto de Advogados Brasileiros (IAB), intitulada "O desvio de finalidade no processo de impeachment".

– Esse é um processo jurídico político. Base jurídica não tem, basta ouvir gravações em que alguns líderes políticos falam em parar a sangria. A única maneira era afastar a presidente da República – disse Cardozo, em referência à gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado durante conversa com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou o Ministério do Planejamento do governo em exercício de Michel Temer depois que os diálogos vieram a público.

Na palestra, Cardozo reiterou a tese de que o impeachment da presidente Dilma não tem base legal.

– Destituir o presidente da República sem motivo constitucional é golpe de Estado. Pouco importa se usam armas ou a retórica política elegante –afirmou, aplaudido pela plateia.

*Estadão Conteúdo


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