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Serviço público

Com greve do Detran, motoristas relatam prejuízo e atraso nos serviços

Segundo o órgão de trânsito, mais de 11 mil exames de direção foram cancelados

25/07/2016 - 17h43min

Atualizada em: 25/07/2016 - 17h43min


Matheus Shuch / Rádio Gaúcha
Servidores fizeram protesto em frente ao Palácio Piratini nesta segunda-feira (25)

A greve de servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que completa duas semanas nesta segunda-feira (25), traz transtornos e preocupa motoristas e candidatos. Milhares de exames de direção estão atrasados, há relatos de demora na liberação de veículos apreendidos e de lentidão no encaminhamento de processos administrativos.

Candidata à primeira habilitação, a estudante Cláudia Rocha, 18 anos, corre contra o tempo para fazer a prova prática de direção. O Registro Nacional de Condutores Habilitados (Renach) expira no mês que vem e, caso ela não consiga agendar o exame, terá de refazer o processo de formação e pagar novamente pelos custos.

- Vai vencer o Renach, eu vou ter que fazer tudo de novo, pagar as taxas de psicotécnico, de aluguel de carro e vou ter que refazer a prova teórica, sendo que eu teria duas chances de fazer, mas não deve dar por causa da greve - reclama.

Menos de 25% dos servidores do Detran estão em atividade
Detran/RS corta ponto de servidores que aderirem à greve

Segundo dados do Detran, 11,2 mil exames deixaram de ser realizados, entre teóricos (4,2 mil) e práticos (7 mil), desde o início da paralisação. O Sindet, sindicato que representa a categoria, diz que o número chega a 20 mil.

A paralisação dos trabalhadores também influencia a liberação de veículos apreendidos. O problema vivenciado pelo motorista Paulo Alberto Souza, 29 anos, é anterior ao início da greve. Morador de Rio Pardo, ele teve o carro apreendido porque estava com o IPVA atrasado. Após pagar as taxas, relata que esperou mais de um mês pela liberação.

- Assim que eu paguei tudo, eu fui retirar o carro e não pude porque eles estavam com problema no sistema. Eu fiquei mais de um mês esperando, ainda tive que pagar mais de R$ 500 de diárias. Mas não tem o que fazer, é pagar e ficar quieto - relatou.

Por meio de nota, o Detran garantiu que irá reavaliar a situação de quem perdeu o prazo para o exame. "Os candidatos que estão em processo de habilitação não terão prejuízos no que tange à validade do Renach. Os exames deverão ser reagendados nos CFCs tão logo se encerre a paralisação", afirma o órgão.

Sobre as taxas cobradas pelo período em que os veículos ficam nos depósitos, o Detran disse: "Os proprietários de veículos que aguardam liberação do Detran não terão ônus por atrasos ocasionados pela greve. Entretanto, cada situação está sendo analisada pontualmente".

O órgão de trânsito ainda esclareceu: " Os veículos sem restrições administrativas ou judiciais, que se encontram sob a guarda dos Centros de Remoção e Depósitos (CRDs), estão sendo liberados normalmente. Os atrasos nas liberações ocorrem nos casos em que os veículos possuem restrições. Em alguns casos, os CRVAs já estão autorizados pelo Detran-RS a efetuar as transações no sistema informatizado. Além disso, a direção está tomando as medidas necessárias à prestação do serviço, como a realização de mutirão para dar agilidade às liberações".

Os grevistas reivindicam melhorias na estrutura dos locais onde são realizados os exames práticos de direção, a execução pelo governo das progressões e promoções de carreira, reajuste de salários de 26,7%, que corresponde a perdas inflacionárias dos últimos quatro anos, e o fim da cobrança de coparticipação no vale-alimentação.

O secretário estadual de Administração, Raffaele Di Cameli, qualificou a greve como inoportuna, já que o Estado está em crise e que os servidores do órgão recebem acima da média dos demais trabalhadores do Executivo. Uma das soluções apontada pelo secretário para tentar minimizar os efeitos da paralisação é prorrogar os contratos emergenciais com terceirizados.


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