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Radicais  na mira

Quem são os suspeitos de apologia ao terrorismo presos pela PF

As dez pessoas capturadas na Operação Hashtag usavam apelidos árabes para se comunicar. Alguns pregavam luta no Oriente Médio

22/07/2016 - 16h11min

Atualizada em: 23/07/2016 - 14h32min


Humberto Trezzi
Humberto Trezzi
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Apesar do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ressaltar que o grupo de admiradores do Estado Islâmico desbaratado esta semana pela PF prima pelo "extremo amadorismo", alguns sinais mostram que se levavam muito a sério. Ao ponto de posarem com armas e bandeiras dos rebeldes sírios e iraquianos. Outros expõe no Facebook vídeos da guerra na Síria e nos territórios palestinos, exortando a luta armada.

Polícia Federal levou todos os 10 presos para uma Penitenciária de Segurança Máxima em Campo Grande (MS)

Zero Hora teve acesso a parte da ordem de prisão contra os 10 suspeitos presos e de apreensão de bens de quatro outros investigados (dois dos quais, foragidos). Confira o que já se sabe sobre os presos e quais os codinomes que usavam (entre parênteses):

Antônio Andrade dos Santos Junior (Antônio Ahmed Andrade): paraibano, 34 anos. Vive de bicos em João Pessoa (Paraíba). De formação cristã, passou a admirar o islamismo ao frequentar uma mesquita naquela cidade. Por suas declarações radicais e de apologia do Estado Islâmico, ele chegou a ser banido da mussala (sala de oração, para muçulmanos). Policiais encontraram na internet fotos dele ao lado de outros muçulmanos, segurando a bandeira do Estado Islâmico. A sua mulher, brasileira, também adotou o islamismo como religião. É praticante de boxe. Ele frequenta também o Centro Islâmico de João Pessoa, fundado por um ex-pastor evangélico que adotou o Islã. Ele chegou a ir para São Paulo e a trabalhar com refugiados sírios em uma ONG da comunidade islâmica, mas voltou ao Nordeste.

Levi Ribeiro Fernandes de Jesus (Muhammad Ali Huraia): paranaense, 21 anos. Morador de Colombo, cidade da Região Metropolitana de Curitiba. É apontado pela PF como um dos aliciadores do Estado Islâmico no Brasil. Trabalhava como atendente de telemarketing, chegou a frequentar um templo evangélico e tocava violino. Em Curitiba, ele teria passado a ter contato com a religião muçulmana. Policiais encontraram no Facebook exaltações dele a ações terroristas realizadas ao redor do mundo. Levi foi também o primeiro a mencionar que a Olimpíada é uma grande oportunidade para atacar delegações de países contrários ao Estado Islâmico.

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Marco Mário Duarte (Zaid Duarte): maranhense, 36 anos, fundou uma entidade chamada Sociedade Islâmica do Maranhão e mantém no ar a página Islam Maranhão. Ele teria se convertido há cerca de 13 anos à religião e adotou o nome Zaid Mohammad Abdul-Rahman Duarte. Nascido no Maranhão, ele foi viver na cidade de Amparo, em São Paulo. Lá teria trabalhado numa indústria que prepara alimentos de acordo com a religião muçulmana. Treinava paintball e pode ter usado a habilidade para treinar tiro real.

Mohamad Mounir Zakaria (Zakaria Mounir): paulistano, 50 anos. É proprietário de cinco lojas de confecção no Brás, bairro comercial de São Paulo. Ele frequentava a Mesquita de Parí, também na Zona Norte de São Paulo. Usa barba longa e chapéu ritual, à moda dos muçulmanos crentes. É o 2º diretor de patrimônio da Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil, ligada àquela mesquita.

Vitor Barbosa Magalhães (Vitor Abdullah): paulista, 23 anos, é funileiro e trabalha com o pai numa pequena empresa em Guarulhos. É conhecido de Zacaria Mounir e, por influência dele, se converteu ao islamismo em 2010. Em 2012, ele foi convidado a ir para o Egito para estudar a língua árabe e a religião. Lá passou seis meses e retornou. Passou a ministrar aulas de árabe para iniciantes, via internet, que usou também para estimular chats de apoio a organizações radicais muçulmanas. Entre os indícios coletados pela PF contra ele está uma foto feita no Egito, na qual Vitor aparece ao lado de outro dos presos, Antônio dos Santos Junior, junto a uma bandeira negra do Estado Islâmico. A legenda da flâmula é um dos mais famosos versículos do Al Corão: "Não há Deus além de Alá e Maomé é seu profeta".

Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo (Ali Lundi): amazonense, 27 anos. Foi funcionário da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas por dois anos, até meados de 2014. Era atendente no Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Manaus. O suspeito abandonou o curso de design da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) após frequentar aulas por cerca de dois anos.

Leonid El Kadre de Melo (Abu Khaled): mato-grossense, 35 anos, de origem libanesa, é mecânico de uma agropecuária em Campos de Júlio (Mato Grosso). Ex-escoteiro, passou a delinquir na idade adulta. Protagonizou assaltos em Tocantins. Cumpriu 18 anos de pena por homicídio e roubo qualificado naquele Estado (matou um ex-comparsa por desavença quanto ao roubo). Na cadeia se converteu ao islamismo. Chegou a fugir da prisão, situada em Araguaína, mas se reapresentou e estava no final da pena. Cursava faculdade de Engenharia Mecânica.

Valdir Pereira da Rocha (Mahmoud Pereira): mato-grossense, 30 anos, convertido ao islamismo. Conforme dados do Judiciário de seu Estado, foi condenado por homicídio, no mesmo processo em que foi condenado Leonid El Kadre, em Tocantins. Ele também fugiu e se reapresentou. Mahmoud expõe no Facebook muitas imagens de guerras no Oriente Médio e postagens de apoio à luta palestina e dos rebeldes sírios.

Alisson Luan de Oliveira (Alisson Oliveira): fluminense, 20 anos, tem ascendência síria e trabalhava num supermercado na cidade litorânea onde mora, Saquarema (RJ). Conforme seus colegas, entrevistados pela imprensa local, ele dizia que desejava lutar por "uma boa causa" e que viraria "homem-bomba", se necessário. Ele tentou ir à Síria, mas não conseguiu entrar naquele país em guerra - foi deportado ainda na Turquia e trazido ao Brasil escoltado pela PF brasileira.

Israel Pedra Mesquita (Israel Pedra): gaúcho, 26 anos. Morou a vida toda em Pelotas. Mudou-se com a família para a vizinha cidade de Morro Redondo, onde cria galinhas de raça. Outros dois investigados, dos quais a PF não revela os nomes, estão foragidos.

* Zero Hora, com agências




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