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Senai-RS fecha dez escolas no Estado e ameaça encerrar outras oito

A unidade do Bairro Restinga, em Porto Alegre, deverá fechar até o final deste ano

01/07/2016 - 14h43min

Atualizada em: 01/07/2016 - 14h51min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Escola móvel será a alternativa para regiões que ficarão sem a unidade física do Senai-RS

A crise econômica e a queda na arrecadação da contribuição das indústrias fez o Senai tomar a decisão de fechar dez unidades físicas no Estado, nos últimos 12 meses. Outras oito, incluindo a do Bairro Restinga, em Porto Alegre, estão na lista para terem as atividades encerradas até o final deste ano.

Segundo o diretor-superintendente da Fiergs, Carlos Heitor Zuanazzi, a redução financeira de contribuição das grandes indústrias para o Senai foi decisiva. No ano passado, ele afirma que as perdas chegaram a 8%. Nos primeiros seis meses deste ano, a redução foi de 4%.

– A indústria contribui com 1% da folha de pagamento. Com o aumento das demissões, a queda na arrecadação foi a primeira consequência. Não deixaremos de atender estas cidades, mas faremos de uma forma mais econômica, como parceria com as comunidades que cederem um espaço físico e oferta de cursos nas unidades móveis do Senai – diz Carlos Heitor, que não revela quais unidades gaúchas ainda serão fechadas.

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No Bairro Restinga, em Porto Alegre, moradores uniram-se na tentativa de impedir o encerramento da escola do Senai, existente há 40 anos na comunidade. Ela é uma das oito que devem ter a unidade física fechada ainda neste ano. Hoje, 66 moradores cursam eletricista instalador ou marcenaria no prédio que vem sendo cedido pela prefeitura desde o início das atividades.

Mobilização
Integrante da Comissão Fica Senai Restinga, o produtor gráfico Márcio Figueira revela que o grupo já esteve com representantes da Fiergs e também solicitou auxílio do Ministério Público. No próximo dia 12, haverá uma audiência pública na Câmara de Vereadores da Capital para discutir o tema.

– Numa comunidade onde a vulnerabilidade social é enorme e os jovens entram cada vez ais cedo para o tráfico, fechar uma unidade do Senai, que além do curso ainda ajuda com bolsa de estudos, é decretar de vez a falência social do bairro – acredita Márcio.

Rogério estudou no Senai do Bairro Restinga e não se conforma com o fechamento da unidade

Ex-aluno da unidade Restinga, o eletricista Rogério Dekeches, 45 anos, lamenta a possibilidade de fechamento do prédio. Rogério se formou há 31 anos em Elétrica e, desde então, atua na área. Em 1994, ele foi aprovado num concurso da prefeitura da Capital e hoje é um dos responsáveis pela parte elétrica do HPS.

– Ter um Senai num bairro onde há poucas oportunidades para jovens carentes é uma porta para um futuro melhor. Se não fosse aquele curso, não sei onde hoje eu estaria – afirma.

Unidades móveis
Conforme o diretor-superintendente da Fiergs, a unidade do Bairro Restinga também enfrenta outras dificuldades para continuar existindo. A principal delas é a exigência de adequação do prédio para cumprir a legislação que trata da prevenção de incêndio.

– Os custos chegam a R$ 470 mil, e não teríamos como arcar com estes valores porque o prédio pertence à prefeitura. Outra questão é que diminuiu a procura pelos cursos oferecidos no bairro. De 20 vagas, hoje só temos seis alunos cursando. Por isso, conversaremos com a comunidade e continuaremos oferecendo aulas de outros cursos em unidades móveis de tecnologia – acrescenta Carlos Heitor, que preferiu não dizer quais são as outras sete escolas ameaçadas de encerramento das atividades.


Unidades já encerradas no Estado
SENAI de Alegrete
SENAI Itaqui
SENAI Cruz Alta
SENAI São Borja
SENAI Santiago
SENAI Soledade
SENAI Capão da Canoa
SENAI Santana do Livramento
SENAI Rosário Do Sul
SENAI Dom Pedrito




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