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Acerto de Contas

Giane Guerra: Pagamos três vezes pela segurança 

O que quer dizer isso? A coluna hoje vai ilustrar bem

30/08/2016 - 08h04min

Atualizada em: 30/08/2016 - 08h05min


Giane Guerra
Giane Guerra
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Tributos

O cidadão que paga impostos está dando dinheiro para os governos federal, estadual e municipal garantirem a segurança. O salário dos policiais, o dinheiro para viaturas, a verba para construção de presídios. São recursos que saem dos cofres públicos, que, por sua vez, são enchidos por tributos pagos pela sociedade. E é um abuso pedir que o povo pague mais enquanto o noticiário ainda mostra tanta corrupção e desvio de dinheiro.

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Segurança privada

É o que pagamos diretamente para termos mais segurança. A lista é imensa. Vai desde o alarme do nosso carro até a cerca elétrica do prédio que gera aquela chamada extra na conta do condomínio. Aliás, o gasto com segurança dos prédios só aumenta. Está em torno de 15%, em média, já. E digo mais: quando você deixa de pegar um ônibus para voltar da aula – porque trabalha o dia todo e precisa estudar à noite – e opta por um táxi, gastando dez vezes mais, está pagando por segurança de novo.

Efeito cascata

Esse aqui é o que a gente sente menos. É o custo da segurança que vem embutido em produtos e serviços. Um lojista pequeno de rua gasta R$ 1,5 mil por mês com segurança. Para pagar isso, ele passa o custo aos produtos que a gente compra. Mais caros, portanto. Se tem o privilégio de o filho estudar em escola particular, paga pela câmera, portaria, cerca elétrica, estacionamento etc. Quando roubam o carro do eletricista que veio arrumar o nosso chuveiro, ele precisa repassar o preço de um carro novo ou do seguro para o serviço, que custará mais caro da próxima vez.

Quando a gente compra 1kg de costela no mercado para o churrasco do domingo, estão nos preços alguns centavos da equipe privada de vigilantes da indústria, da distribuidora e do mercado, do seguro do caminhão que transportou essa carga muito visada por ladrões na estrada, e até do alarme que o lojista coloca no produto para evitar furto no mercado.

A insegurança não é um problema só da periferia nem só do asfalto. Todos pagamos várias vezes por segurança. Por um presídio com condições decentes até uma educação pública que reduza a criminalidade no longo prazo.

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