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Mais qualidade, menos recordes: a evolução da natação até o Rio 2016

Neste sábado, última noite de finais da modalidade na Olimpíada, número de marcas históricas atingidas em Londres 2012 pode ser igualado

13/08/2016 - 18h42min

Atualizada em: 13/08/2016 - 18h43min


François-Xavier MARIT / AFP

Quem confronta os recordes batidos nas piscinas do Rio com a enxurrada de marcas históricas de Pequim 2008 pode concluir, equivocadamente, que o nível da natação caiu nos últimos anos. A comparação, porém, é injusta. Desde o fim da era dos maiôs tecnológicos, melhorar tempos tornou-se tarefa mais complicada debaixo d'água. Os sete recordes mundiais e 13 olímpicos registrados a noite de sexta-feira indicam a manutenção de uma firme evolução no nível do esporte.

Em Londres, os números foram levemente superiores aos dessa Olimpíada. Nove marcas mundiais e 16 olímpicas foram superadas ao final da competição em 2012 – ainda resta uma noite de finais da Rio 2016, que pode igualar os números. O desempenho confirma uma tendência de crescimento da natação a partir do salto de qualidade no ciclo que precedeu os Jogos de Sydney (confira os números no fim da matéria).

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– A natação cresceu muito nos últimos 15 anos, pelo menos. Com a informação circulando livremente, todos sabem o que todo mundo está fazendo. Os métodos se aprimoraram – afirma Cristiano Klaser, o Kiko, técnico do Grêmio Náutico União, que completa:

– O nível está muito forte, talvez mais forte do que eu esperava.

A era dos maiôs ainda impede a quebra de mais marcas. Das 30 provas que compõem o programa olímpico – entre masculino e feminino –, 17 tem recordes mundiais estabelecidos até 2009, quando as roupas especiais foram proibidas. O efeito é maior nas provas de velocidade. Só como exemplo, os tempos de César Cielo em 2009 nos 50m e 100m livre ainda não foram ultrapassados. Mesmo assim, a distância entre os desempenhos de hoje e os turbinados pelos maiôs tem diminuído drasticamente, algo um tanto inesperado. Analistas apontavam, quando a proibição foi estabelecida, que os atletas poderiam demorar até 20 anos para alcançar os tempos cravados com os trajes.

Há também um equilíbrio maior entre os nadadores. Cenas como a dos 200m peito masculino, em que pelo menos cinco chegaram aos últimos metros com chances de ganhar o ouro – o cazaque Dmitry Balandin foi o campeão –, são mais comuns. A maior quantidade de adversários de peso força os atletas a ultrapassar limites para batê-los.

Outro fator que influi no crescimento das marcas é a especialização dos nadadores. Ainda há espaço para "extraterrestres" que nadam várias provas, como Michael Phelps, Katie Ledecky e Katinka Hosszu, mas eles são mais raros. A era é dos especialistas em um estilo só, como o britânico Adam Peaty, que bateu duas vezes a marca dos 100m peito, o americano Ryan Murphy, novo recordista olímpico dos 100m costas, o japonês Ippei Watanabe, que fez o melhor tempo da história dos Jogos nos 200m peito, ou a americana Lilly King, campeã dos 100m peito.

Natação

Rio 2016 até aqui
7 recordes mundiais
13 recordes olímpicos

Londres 2012
9 recordes mundiais
16 recordes olímpicos

Pequim 2008
14 recordes mundiais
22 recordes olímpicos

Atenas 2004
8 recordes mundiais
25 recordes olímpicos

Sydney 2000
14 recordes mundiais
38 recordes olímpicos

Atlanta 1996
2 recordes mundiais
3 recordes olímpicos




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