Estilo de Vida



Lições para a vida

Saiba quando é hora de começar a falar sobre finanças com o seu filho

Especialistas dão dicas de como  introduzir lições sobre o dinheiro desde cedo em casa e sobre a idade certa de começar a dar mesada

08/08/2016 - 08h05min

Atualizada em: 08/08/2016 - 13h21min


Karine Wenzel
Irmãs Anita (E), 9, e Helena, 7, começaram a receber mesada no ano passado para aprender a poupar

Maria Clara Vieira, de Florianópolis, produz e vende pulseirinhas para ganhar uns trocados, anota tudo o que recebe e até aplicou o dinheiro no banco. Com apenas 10 anos, aprendeu com o avô a lidar com as cédulas e já sabe a importância de economizar dinheiro para comprar o que quer. Ensinar educação financeira às crianças é um desafio, mas essencial, principalmente, diante do consumismo aliado à crise econômica atual, conforme apontam especialistas.

– Hoje quando ela vai comprar alguma coisa, ela analisa o preço. Ela sabe como conquistar dinheiro e o que ele significa na vida das pessoas – diz o avô da menina Paulo César Vieira.

Finanças pessoais: Como começar a juntar dinheiro

Na casa das pequenas Helena, 7 anos, e Anita, 9, esse contato ganhou força no ano passado, quando elas começaram a receber mesada. A mãe, Sabrina Junckes, explica ter adotado o método para que as meninas aprendam a guardar dinheiro para comprar algo maior no fim do ano e que a prática tem dado certo.

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e autor do livro Mesada não é só dinheiro, as crianças observam desde cedo a importância do dinheiro no dia a dia dos pais e começam a estabelecer alguns desejos de compra. É neste momento, por volta dos três anos, que deve iniciar a educação financeira. Já a partir dos sete, pode começar a dar mesada.

Estimular os pequenos a guardar dinheiro em cofrinhos e demonstrar quanto é preciso economizar para comprar algo são alguns passos dessa educação. Domingos acrescenta que é importante dar o exemplo. Pais que compram demais podem incentivar os filhos a seguir o mesmo caminho.

A psicopedagoga Joyce Cardoso diz que simples ações diárias podem ajudar na tarefa de educar os filhos financeiramente. Deixar a criança pagar uma compra feita em padaria e esperar o troco ou dar um valor simbólico para que ela compre algo são alguns exemplos.

Como lidar com as fases mais conturbadas do desenvolvimento do bebê

Estimular que elas brinquem com jogos como Banco Imobiliário ou Jogo da Vida também pode auxiliar. A especialista ainda destaca que o ganho da mesada nunca deve ser atrelado ao bom comportamento ou ao resultado do desempenho escolar, pois não deve ser mérito por ter feito algo.

– Educar financeiramente uma criança é ensiná-la a se organizar para a vida, a ter objetivos e saber como vai conseguir realizá-los – afirma Joyce.

Finanças filhos
Create your own infographics

Escolas ensinam como poupar

Apesar de algumas tentativas de criar uma lei que obriga escolas catarinenses a ensinar educação financeira, não houve avanços e não há lei estadual referente a isso. Porém algumas instituições, por conta própria, começam a apostar na educação financeira entre os pequenos. É o caso do Centro Educacional Cantinho Verde, em Itapema, que oferece lições nesta área para crianças entre três e cinco anos desde o ano passado. A diretora Ivandra Pivotto diz que as aulas práticas são essenciais para tornar os alunos mais conscientes das oportunidades e dos riscos ao lidar com o dinheiro.

– Vivemos num mundo consumista, estimulado pelas campanhas publicitárias, e nota-se que as crianças são as mais influenciadas por estes meios. Por isso é importante que ela vivencie desde cedo situações reais sobre a vida financeira – diz.

"Criança protegida demais será mais alérgica" , diz presidente da Associação Catarinense de Pediatria

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o problema é que atualmente os pequenos são elevados ao status de consumidores sem estar preparados. A solução para driblar os possíveis efeitos nocivos desses estímulos é envolver as crianças nas decisões familiares sobre os gastos e mostrar que é necessário fazer escolhas quando o assunto é dinheiro.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias