Eleições 2016



Eleições 2016

Ampliar equipes da Saúde da Família é desafio aos candidatos na Capital

Melhorar a cobertura do programa de atendimento está no radar dos postulantes a prefeito de Porto Alegre

29/09/2016 - 19h25min

Atualizada em: 03/10/2016 - 16h38min


Cleidi Pereira
Cleidi Pereira
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Erik Farina
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Ketlyn fez o pré-Natal em uma unidade de seu bairro. Hoje, é a filha Dafne que usa o posto.

Na série de reportagens Vida Real, ZH provoca os candidatos à prefeitura da Capital a se posicionarem de forma clara sobre assuntos controversos.

Ketlyn Meine não tem do que reclamar quanto ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) durante o pré-natal. O acompanhamento da gestação foi feito por dois médicos de uma unidade de saúde da vizinhança, no bairro Humaitá, na Capital, o que possibilitou o encaminhamento mais rápido a exames. A saúde de ferro da filha Dafne, hoje com um ano e sete meses, deve-se em boa parte a essa relação de confiança com os doutores, diz Ketlyn.

Ontem, alegando problemas de asma, ela foi às pressas ao posto Fradique Vizeu, e, após rápida análise de um auxiliar de enfermagem, foi encaminhada a um médico. Em menos de 20 minutos, estava liberada, com receita para medicamentos.

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– Tinha consulta para dezembro, mas me senti mal e tive de procurar ajuda. O bom de ter o mesmo médico é que ele já conhece nosso histórico e entende melhor o problema – diz a atendente de telemarketing de 20 anos.

O avanço do programa Estratégia Saúde da Família (ESF), conceito de atendimento que busca a proximidade dos médicos com pacientes de uma mesma comunidade, está entre as metas dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Desde 2009, o número de equipes passou de 91 para 228. Cada time é formado por médico generalista, enfermeiro, técnico de enfermagem, agente comunitário e, em alguns casos, dentista. O programa do SUS tem verbas federais, estaduais e municipais e é executado pelas prefeituras.

A capacidade de atendimento em Porto Alegre, entretanto, está aquém do que foi traçado pela própria administração municipal, que era cobrir 70% da população. Atualmente, 55,8% dos portoalegrenses são contemplados, conforme a Secretaria Municipal da Saúde. O cálculo leva em conta uma equipe para cada 750 moradores da comunidade onde a equipe atua.

– A cobertura tem aumentado em áreas onde está a população mais vulnerável – explica a coordenadora de Atenção Básica da prefeitura, Vânia Frantz – Nesse aspecto, estamos nos aproximando da meta – pondera.

Simers diz que equipes estão desfalcadas

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) avalia que Porto Alegre ainda deixa a desejar em comparação a capitais que são referência na Saúde da Família, como Florianópolis (SC), que tem quase a totalidade dos moradores contemplados, e Belo Horizonte (MG), com população semelhante à da capital gaúcha mas que tem mais de 500 equipes de atendimento, conforme o Simers.

– Mesmo as equipes em atuação são muitas vezes desfalcadas de médicos, e isso compromete o atendimento – diz Clarissa Bassin, diretora do Simers, completando: – A própria figura do médico generalista é insuficiente. As equipes teriam de ser reforçadas por especialistas para agilizar o serviço.

A SMS reconhece que faltam 20 médicos no programa. A razão, diz Vânia, são situações como remanejos ou pedidos de demissão. O Simers aponta que quase metade dos médicos do Saúde da Família vem de iniciativas como o Mais Médicos ou o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), com acompanhamento de supervisores, o que nem sempre ocorreria. Apenas 40 são médicos contratados pela prefeitura.

– Não procede essa informação. Todos os médicos do Mais Médicos e do Provab são monitorados e avaliados constantemente por profissionais de instituições como o Hospital de Clínicas – rebate a coordenadora de Atenção Básica.

A OPINIÃO DOS CANDIDATOS
Caso eleito, você irá aumentar o número de equipes da Estratégia Saúde da Família?

FÁBIO OSTERMANN (PSL)
Sim. Está no nosso programa, inclusive, a ampliação da Estratégia Saúde da Família como forma de qualificar a saúde preventiva, que é mais barata, mais efetiva e mais eficiente.

JOÃO CARLOS RODRIGUES (PMN)
Vou aumentar. Uso o SUS e sei como é muito importante. O número de médicos na Saúde de Família hoje é baixo. Até contempla uma certa população, mas deveria ser aumentado para desafogar hospitais e postos.

JULIO FLORES (PSTU)
Isso é imprescindível, desde que sejam funcionários públicos concursados, sem terceirizações, nem privatizações, nem parcerias público-privadas. É preciso ampliar postos e hospitais, para termos um atendimento mais qualificado e amplo na cidade. É importante que as pessoas sejam acompanhadas na sua própria residência.

LUCIANA GENRO (PSOL)
Sim, tem que aumentar o número de equipes, aumentar a cobertura, que hoje está em 43% da cidade. Florianópolis, por exemplo, chega a 100%.

MARCELLO CHIODO (PV)
A ideia é sempre aumentar, mas o principal: não adianta aumentar se a gente não tiver prevenção contra doenças. Por isso, queremos fazer grupos de caminhada em todos os postos, como eu fiz na Hípica e teve um resultado fabuloso.

MAURÍCIO DZIEDRICKI (PTB)
Sim. Já aumentamos quando entramos na prefeitura em 2004, de 64 para 228, e ampliaremos ainda mais, para aumentar a cobertura da Estratégia da Saúde em Porto Alegre.

NELSON MARCHEZAN (PSDB)
Precisamos aumentar a capacidade de atendimento na atenção básica. Isso inclui ampliação das equipes de saúde, do horário dos postos e a qualificação do serviço, via Tele Saúde. Vamos cortar parte dos cargos em comissão e aplicar esse recurso na saúde.

RAUL PONT (PT)
Sim, é uma das maiores reclamações hoje. Não está acompanhando, nem desenvolvendo o número exigido pelo tamanho da cidade. O número de equipes tem de ser ampliado. O Mais Médicos será mantido.

SEBASTIÃO MELO (PMDB)
Por enquanto, não. Saímos de 65 para 228 (equipes), mas tem umas 25 ou 30 que não têm médico. Primeiro, quero colocar médico em todas elas, pois o dinheiro da saúde está altamente limitado. Vou aumentar a Saúde da Família, sim, mas não num primeiro momento. Vou aumentar durante os quatro anos, se eu for prefeito, porque temos uma cobertura de 50%, que é insuficiente. No início do governo, não há como aumentar.


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