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Caminho do Bem

Andarilha do Bem: conheça a mulher que já viajou mais de 100 mil quilômetros para ajudar aos outros

Ex-comerciante, Morgana arrecada alimentos e outros donativos para distribuir a famílias miseráveis que moram nas margens de rodovias

21/09/2016 - 09h01min

Atualizada em: 21/09/2016 - 11h20min


Aline Custódio
Aline Custódio
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As entregas são registradas no Facebook criado por Morgana para fazer a ponte entre os auxiliados e os doadores

Foram os meses de estresse contínuo até a conclusão de uma casa na praia que fizeram a ex-comerciante Noeli de Andrade, 56 anos, mais conhecida como Morgana, mudar por completo a rotina e a meta da própria vida. Há três anos, o lar dela ganhou quatro rodas e a estrada se tornou quintal. Sem uma rota definida, Morgana já percorreu mais de 100 mil quilômetros de rodovias brasileiras com um único objetivo: ajudar ao próximo.

A bordo de um Sprinter 1997 transformado em motor-home, na companhia da pinscher Minnie, a mulher de sorriso largo distribui a andarilhos e a famílias miseráveis que moram nas margens das pistas alimentos e outros donativos arrecadados por ela. As viagens costumam durar 40 dias, até Morgana retornar a Navegantes-SC. É na cidade catarinense que ela mantém a casa de praia e fica no máximo cinco dias, antes de pegar a estrada mais uma vez.

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Nos cálculos, mais de mil famílias ajudadas pela ação que depende exclusivamente de doações. Todas as entregas são registradas no Facebook criado por Morgana para fazer a ponte entre os auxiliados e os doadores. Solteira, mãe de três filhas já adultas, a mulher que se tornou conhecida como Andarilha do Bem visitou o Estado recentemente, apenas para consertar o veículo. Uma empresa de São Leopoldo ofereceu gratuitamente a reforma do Sprinter. Hoje, ela já está na estrada, levando sorrisos, palavras de apoio e doações a algum ponto carente do Nordeste brasileiro.

Mais de mil famílias foram beneficiadas com a ação

Início

"Desde criança, sempre tive o desejo de ajudar quem mais precisa. E foi na beira da estrada, onde ninguém faz o social, que decidi fazer ele existir. Vendi um sítio e o meu carro para comprar o motor-home. O dinheiro para viajar e comprar as doações durou um ano e dois meses. Depois, comecei a pedir ajuda para manter a ação. Hoje, dou valor a um grão de feijão. Não preciso ser melhor do que ninguém."

Ajuda

"Viajo muito ao Nordeste. O Interior do Maranhão me corrói, de tanta fome que há nele. As crianças brilham os olhos quando enxergam um pacote de bolachas. Até chinelos elas não têm."

Bolacha

"Parei o Sprinter na frente de uma casa bem simples, no Maranhão. Havia uma idosa e um menino, de uns quatro anos, na frente da casinha. Expliquei o meu trabalho e ofereci uma sacola com massa, feijão, arroz, sal e bolacha. O menino arregalou os olhos quando viu o pacote de bolachas. Ele pediu para pegá-lo. Imaginei que ele fosse comer. Mas isso não ocorreu. Fui embora olhando para trás. A cena me doeu: o menino apenas ficou olhando e alisando o pacote, como se fosse um brinquedo precioso."

Para seguir

"Dependo de apoiadores para seguir ajudando os necessitados. Não saio se não tiver um determinado valor depositado que seja suficiente para a gasolina e para manutenção do veículo, numa emergência. Tenho uma conta no banco para doações em dinheiro, mas aceito doações de alimentos e de roupas. Presto contas aos doadores. Saio sempre com o Sprinter lotado."

Missão

"Vou aonde muitos não querem ir ou nem querem saber se o lugar existe. Não ganho dinheiro, mas me sinto a mulher mais rica do universo. Se depender do meu desejo, jamais vou desistir desta meta de vida. Minha missão é ser um ser melhor neste mundo tão carente."

Para ajudar:

Fone: (047) 9168-6769 (WhatsApp)

E-mail: andarilhadobem@hotmail.com

Facebook.com/Andarilha-do-Bem



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