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Investigação

BM abre inquérito para apurar ação de PMs durante protesto em Caxias do Sul

Um manifestante chutou a cabeça de um brigadiano, que foi hospitalizado. Policiais atingiram advogado com golpes de cassetete.

01/09/2016 - 12h29min

Atualizada em: 01/09/2016 - 14h34min


Mauricio Tonetto
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Os PMs que atuaram na noite da última quarta-feira em um protesto no centro de Caxias do Sul contra a posse de Michel Temer na Presidência da República serão investigados por um Inquérito Policial Militar (IPM). Em um vídeo publicado na página do Mídia Ninja (neste link) no Facebook, eles aparecem agredindo um homem – identificado como Mauro Rogério Silva dos Santos, 51 anos, advogado –, com golpes de cassetetes.

Jovem é preso por tentativa de homicídio após chutar PM em protesto

Nas imagens, Santos está parado na calçada, em frente a um estabelecimento comercial, quando é segurado por dois PMs e atingido nas pernas, no abdome e no ombro. Ele reage e é imobilizado, no chão. Em seguida, o filho dele – Vinicius Zabot dos Santos, 21 anos – chuta a cabeça do soldado Cristian Luiz Preto, 32 anos, um dos policiais que tentava conter o advogado. O jovem foi preso e indiciado por tentativa de homicídio. O brigadiano teve convulsão e foi encaminhado para atendimento médico. Ele não corre risco de vida.

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De acordo com o tenente-coronel Ronaldo Buss, comandante da corporação em Caxias do Sul, o advogado deu uma cabeçada no sargento Paulo Roberto da Silva Wentz, 45 anos, antes de ser agredido. A ação dos PMs, conforme Buss, ocorreu porque Santos negou-se à detenção. Contudo, não há imagens sobre o que ocorreu antes dessa confusão. Ele afirma que um eventual abuso de autoridade será esclarecido no IPM:

– Vamos apurar todos os dados e se houve exagero ou não. Eu não estava no local, mas certamente se ele (advogado) tivesse embarcado na viatura, não haveria confronto. No vídeo, não aparecem algumas coisas que as pessoas precisam entender. Não podemos criminalizar um inocente ou absolver um acusado, por isso temos de investigar. Não podemos nos levar por uma imagem, que é apenas uma imagem e representa um momento

Segundo a Polícia Civil, a confusão começou quando um grupo de manifestantes foi abordado por volta das 23h, na esquina das ruas Sinimbu e Dr. Montaury. Dois deles, que pichavam edifícios com frases contra Michel Temer, acabaram detidos.

– O PM chegou a ficar desacordado. Tive a oportunidade de visualizar imagens da briga e me convenci de que realmente o indiciamento (de Vinicius Zabot dos Santos) foi correto. O PM caiu no chão e esse rapaz veio da lateral, desferindo um chute com toda a violência que se pode ter. O policial estava impossibilitado de se defender – relata o delegado Ives Trindade.

O Pioneiro entrou em contato com Mauro Rogério Silva dos Santos para uma entrevista, mas ainda não obteve retorno. Em sua página no Facebook, o advogado publicou o seguinte relato:

Tenho vários machucados mas estou bem. Tenho hábito de buscar meu filho à noite na faculdade. Em torno de 22 h recebi uma msg dele pedindo para que eu o buscasse na praça central de Caxias do Sul onde estava acontecendo uma manifestação pelo fora Temer. Me dirigi para lá e já não haviam muitas pessoas. Não o vi. Recebi um pedido de ajuda dele dizendo que estavam precisando de um advogado pois haviam jovens sendo presos a uma quadra da praça, quando se dispersavam. Cheguei e vi uma moça e um jovem, certamente menor, de mãos na parede e os policiais se preparando para conduzi-los à delegacia. Retirei minha carteira e apresentei aos policiais para saber da razão da condução dos jovens e qual o nome deles. De imediato fui repelido com empurrões e não tive a condição de advogado reconhecida, talvez por eu ser negro. A polícia tem dificuldade em entender que estas duas condições podem andar juntas. As agressões foram muitas. Meu filho está preso na penitenciária de Caxias do Sul. Dizem que ele chutou um policial e com isto atentado contra a vida dele. Meu filho é estudante de Direito, por longo tempo atleta de canoagem, tendo representado o Brasil em diversas competições nacionais e internacionais. O presídio não é o lugar dele. Vou trabalhar para tirá-lo de lá.



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