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Tradição transformadora

Moradores abrem associação tradicionalista em local que era um lixão

Local no Bairro Feitoria, em São Leopoldo, também era ponto de consumo de drogas

20/09/2016 - 11h02min

Atualizada em: 20/09/2016 - 11h04min


Roberta Schuler
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Além da disposição para manter e levar adiante os valores gaúchos, há dois anos um grupo de tradicionalistas de São Leopoldo transformou uma área pública que era motivo de medo e preocupação no Bairro Feitoria num espaço permanente para a cultura e o lazer da comunidade.

Durante mais de duas décadas, uma área pública na Rua Otto Daudt vinha sendo utilizada por usuários de drogas, como depósito de lixo e até mesmo foi cenário de crimes como estupros e homicídio. Por estar localizada próxima a duas escolas, o local era considerado de risco pela comunidade, que temia pela segurança das crianças que circulavam por ali.

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Mesmo que um dia o terreno tivesse servido como campo de futebol de uma associação que deixou de existir, a paisagem já não era nada aprazível àqueles que se exercitavam por ali nem à vizinhança, que buscava um local para tomar chimarrão no final da tarde, ou dar uma caminhada, já que era um verdadeiro lixão.

Foi aí que um grupo de pessoas que, durante uma década, realizou um acampamento na Semana Farroupilha numa área particular cedida na Avenida Integração, resolveu arregaçar as mangas e reverter o quadro de abandono no terreno na Rua Otto Daudt, pertencente à prefeitura.

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– Eram dez pessoas representando dez grupos (tradicionalistas). Queríamos transformar a área num parque para a comunidade inteira – lembra o laboratorista Francisco Sérgio Correa, 55 anos, patrão do Bolicho do Correa.

Suor de todos

A mobilização começou em setembro de 2014. Foram retiradas inúmeras caçambas de lixo do terreno. A psicóloga Fátima Machado Flach, 50 anos, patroa do Grupo Tradicionalista Tropeando Horizontes, recorda que os trabalhos, por vezes, entraram as madrugadas até que o primeiro galpão foi erguido, contando com o suor de todos. Nascia ali a Associação Tradicionalista da Feitoria. Hoje, são 18 galpões construídos em mutirão.

No terreno há luz e água, um palco coberto com pista para os bailes, praça de alimentação, brinquedos infantis e feira de artesanato. Em dezembro do ano passado, a associação recebeu da prefeitura a concessão para uso do espaço até 2017, que pode ser renovada.

– Para nós, é uma satisfação, é uma das melhores parcerias que fizemos. Mais que dar dinheiro público para a festa, demos as condições para eles fazerem – revela o vice-prefeito Daniel Daudt, sobre o apoio que foi oferecido à associação.

Projetos sociais e culturais

Na manhã da sexta-feira passada, uma das cinco escolas a visitar os galpões foi a Favo de Mel. Os pequenos saborearam arroz, feijão e carne de panela. Em outro galpão, depois do almoço, a criançada do Centro Comunitário Infantil Talita Kuhn dançou o Pezinho e Maçanico.


– O tradicionalismo é também uma porta para a inclusão. Tradição é acolher, isso é uma herança, não é modismo – opina a patroa Fátima.

Além de receber estudantes, idosos e outros visitantes, os galpões são referência para abrigagem de famílias em caso de enchente na região. Também são realizados eventos em datas festivas como Dia das Crianças, Natal e Dia das Mães.

Atualmente, o grupo comemora também o fato de, neste período, contar com agente de saúde, Guarda Municipal e a presença da Brigada Militar. Nos finais de semana de setembro, são contabilizadas em torno de 5 mil pessoas no espaço.



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