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Carlos Etchichury: "Faça algo, governador"

Colunista do Diário Gaúcho comenta sobre a insegurança no Estado

24/10/2016 - 11h57min

Atualizada em: 31/10/2016 - 12h29min


Carlos Etchichury
Carlos Etchichury
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Após apanhar o Santiago na escola, vou a um súper na Getúlio Vargas, que fica no caminho de casa. Estaciono com toda a calma e saio do carro conversando com o meu filho, tranquilo, imaginando estar seguro. É uma rotina que se repete pelo menos duas vezes por semana.

É também o que Marcelo Oliveira Dias, 44 anos, fazia ao entardecer da última quinta-feira, ao estacionar o seu Peugeot 208, branco, em um Zaffari na Avenida Cavalhada, após pegar a filha de quatro anos na escola.

A diferença entre Marcelo e eu, além da conveniência do súper escolhido para as compras, é que traficantes de uma facção o confundiram com um bandido de outro grupo e o executaram sem dó, com 15 tiros, na frente da filha, que, ferida, permaneceu abraçada ao corpo, à espera de socorro.

Chocante. Triste. E assustador.

Não basta evitar lugares conflagrados. Não basta fugir de discussões com malucos no trânsito. Não basta, óbvio, não se envolver em encrencas. Não basta ficar atento para prevenir (sempre que possível) assaltos.

Para ser assassinado, basta dirigir um carro parecido com o veículo usado por um criminoso.

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Está na hora de o governador do Estado, José Ivo Sartori, chamar para si a responsabilidade. Reaja, governador. Antes que seja tarde e que o caos se instaure.

É urgente um plano estadual de segurança, que consulte a academia, que não se restrinja às polícias, que inaugure o presídio de Canoas (e construa outros!), que mobilize prefeituras e secretarias do governo (pelo menos Saúde e Educação, além, claro, da Segurança), que envolva ONGs (a sociedade está querendo participar), que estimule a população a ocupar os espaços públicos. Precisamos reagir.

As coisas não podem continuar como estão. Sequer lugar para colocar presos há. E os que estão encarcerados atuam como se estivessem livres, determinando execuções de dentro do presídio, como ocorreu com o Marcelo.

O senhor pode entrar para história como o chefe de um governo que protagonizou o descontrole completo na área da segurança ou como o líder que decidiu enfrentar o problema com energia, criatividade e despido de preconceitos.

A escolha é do senhor, governador.





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