Seu Problema é Nosso
No Bairro Camaquã, vizinhos estão cercados por esgoto que transborda
Irmã de um dos moradores, que morava em quarto anexo à residência, decidiu se mudar em função do mau cheiro e da proliferação de insetos
Imagine sair no pátio de casa e, ao invés de aproveitar a área de lazer, ter que cuidar para não pisar no esgoto. Essa é a situação dos vizinhos Jeferson Luis Rodrigues dos Reis, 47 anos, e Fernanda de Souza Chagas, 35 anos, toda vez que chove em Porto Alegre.
O pintor e a dona de casa moram lado a lado na Rua Doutor Mário Totta, no Bairro Camaquã. Segundo Fernanda, há 20 anos, um valão passava pelo terreno que abriga as casas. A canalização foi feita, mas, em janeiro deste ano, quando um temporal atingiu Porto Alegre e destruiu boa parte da cidade, a caixa de esgoto que fica no pátio da residência começou a entupir, e o dejeto passou a transbordar.
Desde então, Fernanda convive com mau cheiro e até bichos circulando na área.
– Meu pátio está cheio de buracos por causa dos alagamentos, os pisos, fedendo. Tudo que é tipo de bicho aparece aqui: mosquitos e ratos que passam pelo pátio e vão pra dentro de casa. Estamos desde janeiro assim e, cada vez, piora – reclama a moradora.
"Pior coisa"
O esgoto passa por baixo do muro que divide as residências e atinge também o pátio de Jeferson. Mesmo quando a chuva cessa e a caixa de esgoto para de transbordar, o dejeto fica estagnado nos pátios, pois não há por onde escoar. A situação é tão lamentável que a irmã de Jeferson, que morava num quartinho nos fundos de sua casa, decidiu ir embora.
– É insuportável. O esgoto faz a volta ao redor de casa e não tem para onde ir. Quando chove, é a pior coisa do mundo – diz o morador.
Fernanda coleciona protocolos de reclamações feitas na prefeitura. Tudo o que pedia era que o Departamento de Esgotos Pluviais (Dep) fizesse a limpeza nos canos de esgoto para que a caixa parasse de entupir.
Dep promete limpeza em canalização
Segundo a assessoria de imprensa do DEP, por baixo das casas de Jeferson e Fernanda, passa uma rede pluvial de esgoto que está entupida. Algumas visitas foram feitas pelas equipes de técnicos à residência de Fernanda, uma delas no início deste mês. Como aconteceram em horário comercial, a moradora não foi encontrada.
Após o contato do Diário Gaúcho, o órgão se comprometeu a fazer um hidrojateamento para desobstrução dos canos na próxima semana. O horário vai depender da disponibilidade dos moradores.
* Produção: Karine Dalla Valle