Notícias



Estradas

Conheça o lado ainda mais "esquecido" da ERS-118

Moradores de trecho de 19km da rodovia, entre Viamão e o Bairro Lami, em Porto Alegre, sofrem com a falta de infraestrutura e de perspectivas. 

18/11/2016 - 09h15min

Atualizada em: 18/11/2016 - 09h16min


Aline Custódio
Aline Custódio
Enviar E-mail
No Passo do Fiúza, termina o asfalto e começa a buraqueira

Quem vive próximo aos 21,3 km das obras inacabadas da ERS-118, entre Sapucaia do Sul e Viamão, enfrenta consequências graves desde a paralisação da duplicação da via, há quase dois anos. Agora, imagine como é a situação dos moradores do trecho "esquecido" de 19km da rodovia, entre Viamão e o Bairro Lami, em Porto Alegre, que jamais tiveram a pavimentação concluída _ a última esperança de melhorias ocorreu há dois anos, pouco antes da Copa do Mundo.

ERS-118: prejuízo até para as borracharias

No local, a cor mais vista nas janelas e nas casas é a da terra vermelha da estrada empoeirada, que corta pelo menos sete localidades de Viamão e é rota de caminhões pesados, vindos de saibreiras e madeireiras da região. Menos de 500m depois do fim do último trecho asfaltado, no Passo do Fiúza, em Viamão, o caseiro Paulino Viana, 72 anos, desistiu de pintar a casa onde mora e trabalha há seis anos. A tinta branca quase já não aparece, tamanha a quantidade de pó que engole a região nos dias secos.

Paulino desistiu de pintar a casa, tamanha a poeirama

– Nem sei o que é pior. Quando chove, abre uma buraqueira que não passa uma bicicleta. Quando faz sol, passo o dia comendo poeira – reclama.

Somente 3km de asfalto

Segundo o Daer, havia um contrato para pavimentar o trecho inteiro com asfalto. Porém, o órgão obteve licença ambiental da Fepam somente para os primeiros 5km a partir do Vila Ventura – hotel instalado às margens da
ERS-118. O trecho só recebeu pavimentação pouco antes da Copa do Mundo de 2014 porque o local serviria de concentração para a seleção do Equador. Destes, apenas 3km foram finalizados.

Sobrou apenas a placa

O restante não foi concluído por problemas de traçado e de desapropriações – a quantidade de famílias que devem ser removidas não é informada pelo Daer. Entre as famílias que receberam a visita dos técnicos do departamento está a do operador de máquinas Jaci Cardoso, 63 anos, morador das margens da Estrada do Espigão desde o nascimento. A via é um trecho da ERS-118. Jaci conta que, em pelo menos dez vezes, foi contatado pelo Daer para tratar sobre a entrega de 15m do terreno da família para a obra.

– Até 2013, vieram várias vezes para medir o terreno da nossa casa. Calcularam quanto ganharíamos e ficaram de voltar. Estou esperando até hoje. Sinceridade? Já perdi a esperança – revela.

Obras da ERS-118 desafiam até os motoristas

A 100m da casa de Jaci, uma placa de metal indicando a terraplenagem e a pavimentação do trecho vem sendo corroída pelo tempo e pela poeira. Assim como os vidros da casa da agricultora Lourdes Andrade, 57 anos, vizinha da rodovia há quase três décadas.

Lourdes sofre para limpar os vidros de casa

– Não tem como acostumar com a nuvem de terra. Quando o vento bate na direção da minha casa, não estendo roupas no varal. E só limpo os vidros no final de semana. Assim mesmo, quando termino de limpar um, o outro já está sujo. Quem mora por aqui fica como um cachorro correndo atrás do rabo – resume.

Para piorar a situação dos moradores da esquecida ERS-118, o Daer não tem previsão de reiniciar as obras na região. Em nota, o órgão deixa claro que "o processo de licença ambiental segue na Fepam. Porém, a licença só será emitida quando houver recursos alocados para a obra. No momento, essa obra não está em nenhum dos programas do Governo".



MAIS SOBRE

Últimas Notícias