Notícias



Construção civil

Crise afeta vendas de material de construção e adia reformas de final de ano

Vendas de material de construção despencaram em 2016, e até as pequenas reformas de final de ano foram afetadas

10/11/2016 - 09h32min

Atualizada em: 10/11/2016 - 10h13min


Aline Custódio
Aline Custódio
Enviar E-mail
Mauri vai reformar garagem da irmã

Diferentemente de anos anteriores, a dona de casa Marina Guides da Costa, 59 anos, do Bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, não pintará a casa da família para o Natal de 2016. Mesmo depois de juntar dinheiro ao longo de dez meses, a obra do final de ano ficará só na pequena reforma da garagem. E Marina justifica a redução nos gastos por conta da crise econômica.

– Não lembro a última vez que deixei de fazer todas as reformas que queria para esperar o novo ano. Desta vez, precisei optar mesmo – conta a dona de casa, que usará os serviços do irmão, o construtor civil Mauri Guides, 50 anos, para gastar ainda menos.

Leia as últimas notícias
Está desempregado? Veja 5 dicas para economizar e não se endividar neste período

Segundo associações dos comerciantes de material de construção, nem o puxadinho – a pequena reforma – escapou do bolso vazio. As vendas de material de construção devem fechar 2016 com queda de 8% com relação ao ano passado, quando tiveram um faturamento de R$ 115 bilhões, segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Em Porto Alegre, o estabelecimentos de bairros foram os mais prejudicados pela crise econômica, com decréscimo de 15% em relação a 2015, conforme a Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção de Porto Alegre (Acomac).

– O 13º salário, que terá a primeira parcela liberada no final deste mês, nos ajudará a pararmos de decrescer. Servirá para as pessoas pagarem as contas – acredita o presidente da Acomac, Tarcisio Pires Morais.

No entanto, Tarcisio alerta que, apesar do momento negativo, o ano ainda poderá ter um pequeno crescimento em relação ao ano passado porque a base de 2015 foi ainda mais baixa – considerado o pior período em 12 anos.

– Podemos ter um crescimento de 2% ou 3%, o que é quase nada para o setor – afirma.

Gustavo Biavatti viu queda nas vendas

Administrador de uma madeireira existente há 22 anos no Bairro Bom Jesus, Gustavo Biavatti revela que, no mês passado, a loja teve queda de 11,5% na vendas com relação ao mesmo período do ano anterior, a maior dos últimos oito anos. Para tentar driblar a crise, a loja apostou em mais parcelamentos das vendas – de quatro para seis vezes. Mas, para a surpresa de Gustavo, os clientes estão preferindo comprar menos e pagar à vista. Nem o anúncio do Cartão Reforma, feito ontem pelo governo federal para incentivar as vendas no setor, anima Gustavo.

– Não sei se mudará algo, pois as pessoas estão sem crédito no mercado. Por isso, estão pagando só o que podem ou nem comprando – justifica o comerciante.

Marina deixou pintura para 2017

Governo lança Cartão Reforma
Na tentativa de reaquecer o comércio da construção civil, o governo federal lançou ontem o Cartão Reforma. A iniciativa pretende ofertar crédito de até R$ 5 mil para as famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil fazerem pequenas reformas nas casas. O presidente Michel Temer afirmou que a nova medida pretende incentivar a geração de empregos. Para 2017, o governo prevê a reserva de R$ 500 milhões para o programa.

Depois de ser publicada no Diário Oficial da União (DOU), a medida provisória que cria o Cartão Reforma terá força de lei e deverá ser analisada, em até 120 dias, pelo Congresso Nacional. Porém, o governo não informou quando a medida será publicada no DOU.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias