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Dois em cada dez brasileiros ficaram com o nome sujo em 2016 por causa das compras de Natal em 2015

Para não sofrer com a ressaca financeira em 2017, é preciso cautela nas compras neste Natal. Especialistas dão dicas de como presentear sem comprometer o orçamento

15/12/2016 - 10h05min

Atualizada em: 15/12/2016 - 10h19min


Roberta Schuler
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Mesmo com a crise econômica, componente cultural pesa no hábito de presentear

Dois em cada dez brasileiros viveram o ano de 2016 inadimplentes por conta de excessos cometidos nas compras de Natal de 2015. Para que a alegria das festas de final de ano não se transforme numa grande ressaca financeira ao longo dos primeiros meses de 2017, é importante pensar bem na hora das compras sem se deixar levar pela emoção que a data evoca. O ano termina, mas as dívidas continuam.

O dado é de uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Duas em cada dez pessoas no país (19,4%) ficaram com o nome sujo por dívidas feitas nas compras de presentes de Natal em 2015.

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Mesmo que a vontade de presentear seja grande, é preciso consciência de que o pagamento das dívidas precisa vir antes das lembrancinhas.

– Vemos nas datas comemorativas como o Natal um componente cultural importante que leva as pessoas a quererem presentear. Se antes se pensava com o coração (no ato de presentear), agora é preciso usar a razão – destaca a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Orestes quer quitar as dívidas para estar com orçamento mais disponível no próximo Natal

O pedreiro Orestes dos Santos Vargas, 63 anos, de Viamão, é bem realista diante das suas finanças. Apenas a esposa e a filha de 21 anos receberão presentes neste Natal. O motivo da restrição, porém, é nobre:

– Como está tudo muito caro, será só uma lembrancinha porque esse ano quero liquidar as contas do cartão para poder usar no ano que vem – explica.

Para não endividar-se ainda mais, Orestes optou por pagar os presentes à vista.

– Esse não será um final de ano como os outros, quando a gente tinha mesa farta. Dessa vez, será magrinho – avalia.

Já a aposentada Luiza Ferran, 63 anos, da Capital, adotou uma prática que pode render uma boa economia. Como está fazendo artesanato, pela primeira vez os parentes receberão lembranças produzidas por ela. Travesseiro, bolsa, utilidades para casa estão na lista.

– Mesmo com a crise, as pessoas continuam comprando – observa.

Confeccionar os presentes, opção de Luiza, pode resultar em economia

A economista destaca que, atualmente, não é preciso uma compra muito dispendiosa para desestabilizar o orçamento. Nesta época do ano, acontecem as festas da firma, a festa de Natal com a ceia e os presentes, o Réveillon, festa para a qual geralmente as pessoas compram roupa nova, e é muito fácil haver o descontrole das finanças. O sentimento que acompanha o final do ano – do "eu mereço", ou seja, quando se usa dessa desculpa para conceder-se pequenos luxos – deve ser observado com cautela.

Tíquete médio: R$ 51,22


De acordo com a pesquisa encomendada pelo Sindilojas Porto Alegre e pela CDL POA, o consumidor da Capital está disposto a pagar R$ 51,22 para cada presente de Natal que adquirir em 2016. No levantamento, foram ouvidas 300 pessoas em Porto Alegre.

A mesma pesquisa levantou que cada consumidor deve comprar, em média, cinco presentes no Natal.

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Para o Natal não comprometer a saúde financeira

/// Em tempos de crise, o amigo-secreto é a grande saída para que todos recebam alguma lembrança na noite de Natal, sem que ninguém fique endividado. Usar a criatividade é fundamental para explorar o lado lúdico da brincadeira. Entender que a reunião da família em volta da mesa já é um presente ajuda a explicar a falta de lembrancinhas debaixo da árvore natalina.

/// Se ainda assim houver a vontade de presentear alguém próximo (como marido ou a mãe, por exemplo), uma dica é deixar a compra para a semana entre o Natal e o Réveillon, quando os preços geralmente caem entre 20% e 30%. Se a compra for feita depois da virada do ano, os preços ficarão ainda mais competitivos.

/// Antes de sair às compras, é importante conferir a disponibilidade financeira e quantas pessoas serão presenteadas, respeitando o valor limitado.

/// A falta de tempo é um fator que, nesta época, pode levar ao endividamento, pelas compras por impulso. Para se livrar logo da missão de comprar os presentes, nem sempre o consumidor consegue achar algo que caiba no orçamento e acaba comprando algo mais caro. Por isso, o ideal é ter tempo de pesquisar e pechinchar.

/// A melhor opção é pagar à vista. Caso o consumidor não tenha dinheiro, a saída é fazer a compra no menor número de parcelas possível.

/// A preparação para o Natal pode começar durante o ano. Isso alivia as despesas todas no mesmo mês e se pode fazer as compras com calma, aproveitando eventos como Black Friday, por exemplo. Atenção, apenas, com produtos que possam ter de ser trocados, porque o prazo de troca pode expirar.

/// As festas de final de ano antecedem meses bastante pesados no orçamento, quando é preciso pagar IPTU, IPVA, material escolar. Se a pessoa já vem de um período de endividamento, as compras de Natal virão para piorar ainda mais a situação. Portanto, é fundamental olhar para as finanças antes de decidir, por exemplo, pagar um tributo à vista com desconto a quitar integralmente a fatura do cartão de crédito ou pagar o valor mínimo. Decisões equivocadas como esta geram problema financeiro para o ano todo.

/// Final de ano é época de fazer um balanço da vida, pensar nos propósitos para o novo ano. Inclua o balanço financeiro também para despertar a consciência de ter uma vida financeira saudável.

Fontes: Economista Everton Lopes, especialista em finanças pessoais, e economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.



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