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"Meu sonho era vê-la de noiva", diz noivo de mulher morta em queda de helicóptero

Em entrevista ao Fantástico, Udirley Damasceno contou detalhes do casamento que não aconteceu e como a companheira Rosemeire Nascimento sonhou com o momento

12/12/2016 - 14h08min

Atualizada em: 12/12/2016 - 14h13min


Udirley Damasceno e Rosemeire Nascimento casariam num sítio em São Lourenço da Serra, em São Paulo

Seria uma surpresa para o noivo e os convidados. Vestida de branco, Rosemeire Nascimento Silva, 32 anos, chegaria do céu, desceria do helicóptero e consumaria o casamento idealizado durante anos. Mas a queda da aeronave que a levava ao sítio onde celebraria a união com Udirley Marques Damasceno, 34 anos, na tarde do dia 4, transformou o sonho em tragédia.

Noivo e agora viúvo, Udirley contou, em entrevista vinculada no Fantástico neste domingo, como seria a festa e o quanto a companheira sonhava com a celebração. Auxiliar de enfermagem, há anos Rosemeire guardava dinheiro para seu próprio casamento. As economias eram feitas muito antes de conhecer o parceiro na igreja que ambos frequentavam, há dois anos.

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A união seria celebrada em um domingo, num sítio em São Lourenço da Serra, na Grande São Paulo. Cerca de 300 pessoas haviam sido convidadas. A surpresa da festa seria justamente a chegada da noiva no helicóptero, pago em duas parcelas por Rosemeire: uma de R$ 600 e outra de R$ 1.200. A única que sabia era a cunhada, Helaine Alves da Silva. Até o noivo ficaria surpreso.

Viúvo, Udirley lembra o quanto a noiva sonhou com o casamento

– Conto de fada, o nosso casamento. Tudo produzido nos mínimos detalhes, letra por letra. Tinha que ser do jeito dela. Perfeccionista, ela – contou Udirley ao Fantástico.

A chegada de Rosemeire estava marcada para as 16h20min. Quando os organizadores da festa deram conta do atraso, começaram a ligar no celular da noiva. Foi o dono do sítio, Carlos Eduardo Baptista, que recebeu a informação: o helicóptero, que havia saído de Osasco, caiu no trajeto.

Junto de Rosemeire no voo havia outra mulher acalentando um sonho: Naila Cristina Borba, a fotógrafa contratada para registrar os momentos da união, estava grávida de cinco meses. Silvano Nascimento Silva, irmão de Rosemeire que a acompanharia até o altar, e o piloto Peterson Pinheiro também morreram na tragédia.

Naila Cristina Borba (E) e Rosemeire (D) tinham projetos: uma de casar, a outra de ter a terceira filha. Elas fizeram fotos antes de embarcarem no helicóptero

Isaque Borba, marido de Naila e dono da produtora de eventos que organizou o casamento, já tinha escolhido o nome da terceira filha. Naila, porém, só ficaria sabendo no dia em que a menina nascesse.

– Ela não soube o nome da filha. Seria Maria – contou Isaque.

Na manhã daquele domingo, o mesmo helicóptero, um monomotor de modelo Robinson 44, havia levado um Papai Noel a uma festa de Natal. O voo de Rosemeire foi contratado pela agência de turismo Voe Next. Ao Fantástico, a agência informou que teria apenas intermediado o voo com a empresa dona da aeronave, a HCS Táxi Aéreo. Esta respondeu dizendo que não efetuou a viagem, mas cedeu a aeronave à Voe Next.

O caso ainda está sendo investigado. Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que, caso algum erro seja verificado, ambas as empresas serão responsabilizadas.

Preparado para casar, Udirley não quis mostrar a tristeza para os convidados quando soube do acidente. Saiu caminhando pelo sítio, até encontrar refúgio num parquinho infantil.

– O meu sonho era vê-la de noiva – disse.

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