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Mundo da Gurizada

Jogos eletrônicos: nem mocinhos e nem bandidos

Duas pesquisadoras avaliam prós e contras dos games, um dos passatempos da turma que está curtindo as férias

06/01/2017 - 12h10min

Atualizada em: 06/01/2017 - 12h10min


Roberta Schuler
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Tempo de férias, gurizada em casa e, mesmo que a programação ao ar livre pareça atrativa, o interesse pelos jogos eletrônicos não perde espaço quando a turma está de bobeira.

Mas como os pais podem identificar se o uso dos games está deixando de ser recreativo para se tornar excessivo? Quais as habilidades que o contato com o videogame e outros jogos podem despertar na criança e no adolescente?

O Diário Gaúcho conversou com a professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisinos, Eliane Schlemmer, e com Tânia Ramos Fortuna, professora de Psicologia da Educação da Ufrgs, e traz dicas para a turminha curtir esse passatempo nas férias sem prejuízos.

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Pais

Para a professora Eliane, o importante é a interação dos pais com os filhos diante dos jogos. Os adultos devem demonstrar interesse pelo mundo das crianças e adolescentes.

– Mesmo que o pai não tenha habilidade ou paciência, pode pedir para o filho ensinar o jogo a ele – sugere.

De acordo com a professora Tânia, o pai pode se sentir desorientado, pois, diante dos jogos, o papel de quem ensina e quem aprende se inverte.

– O adulto tem que perguntar quais jogos o filho está jogando, o queestá aprendendo, quem são os amigos. Quando faz isso, o filho se reconecta com a realidade – observa Tânia, citando que a interlocução também favorece a distinção entre a ficção e a realidade.

Tempo

A professora Eliane destaca que, se os adultos não propuserem outras atividades, é possível que a gurizada passe horas e horas jogando.

Já a professora Tânia lembra que mais importante do que o tempo é como a criança joga e com quem. No entanto, há recomendações. Crianças de três anos não devem jogar mais de 20 minutos consecutivos. Já crianças de oito anos, por exemplo, no máximo, 40 minutos.

– Não é legal jogar dia e noite. O bom é diversificar as atividades, fazer interrupções. Os adultos precisam ajudar na administração do tempo.

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Pontos positivos

/// Como os jogos são dinâmicos e interativos, desenvolvem a coordenação motora.

/// Enquanto a televisão é um entretenimento passivo, o jogo permite ações e, conforme as ações desenvolvidas pelo jogador, o jogo vai acontecendo, com suas consequências. Esta ação é mental.

/// Os jogos ajudam a desenvolver o conhecimento e a fluência do inglês.

/// Como muitos envolvem estratégia, desenvolvem o raciocínio.

/// Há um tipo de sociabilidade interessante que o meio virtual estimula. Os jogadores estabelecem relações e se sentem à vontade.

/// Os jogos ampliam a memória e desenvolvem a capacidade de concentração.

Pontos negativos

/// “Estado de captura da alma”: a criança e o adolescente ficam tão imersos no jogo que não conseguem parar para ir ao banheiro ou comer. A tecnologia é voltada para sustentar o estado de perda da realidade.

/// Estado de tensão do jogo pode gerar o imediatismo e a ansiedade por respostas em outros ambientes – por exemplo, a pressa para receber uma resposta ou o olhar fixo no celular para acompanhar rede social.

/// Capacidade de criar, pensar e analisar criticamente pode ser prejudicada.

/// É um meio propício à dependência. A criança ou o adolescente podem ficar irritados e desorientados se o celular não rodar o jogo.

Dicas

/// Cada vez mais, a indústria produz jogos para um jogador só, por ser recorrente o consumo individual. Uma dica importante é evitar a instalação da tevê no quarto, onde a criança ou o adolescente fiquem solitários.

/// Os pais devem ficar atentos à embalagem dos jogos, pois nelas há a classificação de acordo com a idade do jogador. Há jogos para tablet, por exemplo, para crianças a partir de um ano.

/// Essa geração de jovens está crescendo vendo os pais com dispositivos móveis e a gurizada segue o exemplo dos adultos. É importante estabelecer horários em que a família esteja reunida para fazer outras atividades.

/// O tempo dedicado aos jogos precisa ser negociado entre pais e filhos.



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