Notícias



Carnaval de Porto Alegre

Sem o dinheiro da prefeitura, apenas uma escola mantém o trabalho de confecção das alegorias

A União da Vila do IAPI, que conseguiu patrocínio do setor privado, movimenta o seu barracão

10/01/2017 - 18h38min

Atualizada em: 10/01/2017 - 19h53min


Renato Dornelles
Enviar E-mail
Carros ainda com decoração de 2016

Na segunda semana de janeiro, ainda que a previsão seja de um Carnaval temporão em Porto Alegre, com desfiles marcados para os dias 10 e 11 de março, o cenário é preocupante no Complexo Cultural do Porto Seco.

Em apenas um dos 14 barracões destinados às escolas de samba há trabalho em andamento na confecção de alegorias.

A situação reflete a falta de repasse dos cachês pela prefeitura e, agora, a certeza de que as escolas de samba não contarão com verba pública neste ano.

Leia mais:
Dirigentes de escolas de samba cogitam desfiles não competitivos
Carnaval sem dinheiro público
Marchezan não garante repasses para Carnaval 2017 de Porto Alegre

– Para tocarmos o trabalho, é necessário que se tenha uma certeza ou um forte indicativo de que vamos conseguir dinheiro. Cada serralheiro no barracão nos custa R$ 1,1 mil por semana – argumenta o presidente da Império da Zona Norte, João Carlos Martins, o Gago.

Patrocínio

Visão diferente tem Jorge Sodré, presidente da União da Vila do IAPI, única escola, por enquanto, a obter patrocínio do setor privado.

Pelo menos quatro pessoas, além do carnavalesco Sérgio Guerra, confeccionam as alegorias que a chamada Tricolor da Zona Norte planeja apresentar neste Carnaval.

– Temos que ter desfile sim, e competitivo – defendeu Sodré.

Porém, cada vez mais, Sodré parece isolado em sua posição. Na segunda-feira, os presidentes da Bambas da Orgia, Cleomar Rosa, e da atual Campeã, Imperatriz Dona Leopoldina, Vitor Hugo Amaro, falando à reportagem, mostraram-se simpáticos à ideia de um desfile não competitivo.

Nesta terça-feira, o presidente da Império da Zona Norte e o diretor de Carnaval da Embaixadores do Ritmo, Gustavo Giró, já admitiam essa possibilidade.

Alegoristas de Parintins querem que o trabalho seja visto

Serralheiros tocam trabalho no barracão da União da Vila do IAPI

No barracão da União da Vila do IAPI, parte da mão de obra vem de longe. Pelo sexto ano consecutivo, três serralheiros e um escultor de Parintins, no Amazonas, vêm a Porto Alegre para trabalhar em barracão de escola de samba e trazer o conhecimento e a prática adquiridos em um dos maiores festivais folclóricos do país.

Mesmo recebendo pagamento pelo trabalho em dia, o quarteto tem sua preocupação diante da possibilidade da não realização dos desfiles ou de que, caso ocorram, não sejam competitivos, dispensando assim o uso de alegorias.

– Vai ser frustrante, porque queremos ver o trabalho na passarela – diz o serralheiro João Carlos da Silva Amazonas, 46 anos.

Além dele, executam essa função no barracão seus conterrâneos Sebastião Leite dos Santos, 45, e Rainer da Silva, 29, enquanto que Miguel Mendonça, 53, responde pelas esculturas em isopor e ferro.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias