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Carlos Etchichury: Salve-se quem puder

Colunista do Diário Gaúcho comenta o descaso com a segurança pública

13/02/2017 - 09h01min

Atualizada em: 13/02/2017 - 19h56min


Carlos Etchichury
Carlos Etchichury
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O Brasil vive uma crise aguda na segurança. Mais uma. Não é a maior porque a insegurança e suas crises cíclicas já fazem parte da rotina nacional, mas é grave e tem potencial para se espalhar pelo país porque ocorre em duas áreas sensíveis: sistema prisional e polícias Militar e Civil.

O descaso com presídios superlotados, que contribui para o crescimento de facções e do crime organizado, e o sucateamento das polícias, malpreparadas e mal pagas, são fenômenos comuns a todos os estados da federação.

Diante das decapitações e dos esquartejamentos em cadeias e da barbárie pelas ruas da Grande Vitória, no Espírito Santo, o que faz o governo de Michel Temer? Deixa acéfalo o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, pasta que deveria assumir o gerenciamento da crise em parceria com Estados.

O vácuo de poder revela descaso com a segurança. Temer gasta energia tentando proteger o seu governo das delações dos 77 executivos da Odebrecht, que se tornarão públicas nos próximos dias. Só Deus sabe o impacto daquela que é chamada de "Delação do Fim do Mundo".

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Arremedo de plano

Entrincheirado no Palácio do Planalto, o presidente ungido pelo Congresso e seus pares, quase todos investigados na Lava-Jato, se defende como pode. Há pressa nos movimentos políticos.

Sem constrangimentos, indica Alexandre de Moraes, o ministro licenciado da Justiça, para a vaga deixada por Teori no Supremo Tribunal Federal, nomeia como ministro (para obter foro privilegiado e escapar do juiz Sérgio Moro) um amigo implicado na Operação Lava-Jato e articula, junto com Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney a blindagem completa do Senado e da Câmara dos Deputados. Faz barba, cabelo e bigode.

A mensagem de Temer para os brasileiros é límpida como as águas do mar capixaba: mais importante que solucionar o caos na segurança é salvar a própria pele.

Sem um projeto nacional e sem a legitimidade das urnas, o máximo que Temer conseguiu foi apresentar um arremedo de Plano Nacional de Segurança – um plano frágil, questionado pela massa crítica que, há anos, discute políticas de segurança para o Brasil. A tendência é de dias piores. O sentimento é de salve-se quem puder.




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