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Grupo Afro-Sul de volta à avenida

Entidade conhecida por desfilar em várias escolas de samba retomará a tradição no Porto Seco, após cinco anos afastada

24/03/2017 - 13h16min

Atualizada em: 24/03/2017 - 14h51min


Depois de cinco anos sem participar do Carnaval de Porto Alegre, o Afro-Sul volta a desfilar no Porto Seco. O grupo de dança começou a atuar no Carnaval na década de 1980, na escola extinta Garotos da Orgia. Ao longo do tempo, a ala, que tinha como diferencial as coreografias, chegou a desfilar em 18 agremiações num mesmo Carnaval. A coreógrafa Iara Deodoro relembra:

– No início, éramos apenas dez dançarinos, mas começamos a chamar a atenção das outras escolas, que foram nos convidando para desfilar. Aos poucos, o grupo começou a crescer e a ter mais participantes.

Assim, o Afro-Sul tornou-se tradicional no Carnaval da cidade. Quem ficava nos bastidores já estava acostumado a ver a correria que os bailarinos faziam para trocar de fantasias ao terminar o desfile de uma escola e se apressar para entrar em outro.

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Ao longo de mais de duas décadas, houve momentos em que o grupo formava ala em quase todas as escolas de samba de Porto Alegre.

– Teve um ano em que faltou apenas uma escola para sairmos em todas numa mesma noite – conta Iara.

Cultura

O Afro-Sul desenvolve atividades culturais e artísticas relacionadas à dança, à música, à moda e à gastronomia para divulgar e disseminar a cultura afro. Neste ano, volta a desfilar apenas na Imperadores do Samba, neste sábado, com 30 dançarinos.

A motivação para aceitar o convite veio de um fato vivido por Iara que liga, de certa forma, a história do Afro-Sul a Frida Kahlo, personagem que será tema da agremiação no desfile.

Em meados de 1978, o Instituto de Artes da Ufrgs fez uma exposição do trabalho de Pierre Verger, pesquisador francês que realizou um trabalho fotográfico baseado no cotidiano e nas culturas populares dos cinco continentes e autor de livros que abordam a cultura africana.

– A Frida foi uma mulher que teve muitos amantes, e um deles teria sido o Pierre, na Bahia – conta Iara, que apresentou um solo para o estudioso, já que o grupo tinha poucos integrantes na época:

– Quando a apresentação terminou, o Pierre segurou as minhas mãos dizendo que saudava minha mãe Iemanjá e que aquela seria a última vez que eu dançaria sozinha.“Vida longa ao Afro-Sul”, ele falou. Eu fiquei muito emocionada.

Unidos pela dança

No Afro-Sul, a dança ultrapassa gerações e mantêm unidas as famílias. Além da coreógrafa Iara Deodoro, fazem parte do grupo o marido Paulo Romeu, percussionista, as filhas do casal Edjana e Khadija Deodoro e os netos Mikaela, 15, Murilo, seis, e Caio, que tem apenas um ano e três meses, mas que estreou nos palcos aos dez meses de vida. Entre os demais dançarinos, não é diferente: os ensaios são uma grande festa em família.

Jorge Pereira e Luciara Santos são exemplos disso. Juntos há 20 anos, os dois foram integrantes do Afro-Sul na década de 1990. Hoje, levam as filhas Milena, 16 anos, e Nicole, 15 anos.

– As nossas filhas estão adorando dançar. Conto para elas como era quando desfilávamos em várias escolas e elas ficam se perguntando como conseguíamos se para ensaiar uma única coreografia elas já estão cansando. Os encontros se tornaram um momento que a família tem para ficar mais tempo junta – diz Luciara.

Embora Iara relate que é muito prazeroso participar do desfile, o Afro-Sul não deve retomar a tradição de sair em várias escolas. Segundo ela, antes os bailarinos eram jovens que apenas estudavam. Hoje, a maioria trabalha e tem filhos, o que diminui a disponibilidade de cada um. Além disso, o fato de o Carnaval ter sofrido muitas mudanças influencia nesta decisão. Esta está sendo considerada uma edição extra que está servindo para unir gerações diferentes de bailarinos do grupo.

Contatos
Avenida Ipiranga, 3.850, Bairro Jardim Botânico, Porto Alegre
Contatos pelo telefone (51) 2103-2915, das 9h às 17h
Confira o trabalho do grupo no Facebook: Afro-Sul Odomode

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Produção: Liliane Pereira



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