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Moradores criam máquina e organizam mutirão para limpar lagoa em Alvorada

Tomada por plantas aquáticas, a lagoa e o entorno passarão por revitalização que terá parceria entre comunidade e prefeitura

11/03/2017 - 10h00min

Atualizada em: 11/03/2017 - 10h02min


Roberta Schuler
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A vontade de avistar novamente o espelho d'água da Lagoa do Cocão, em Alvorada, e auxiliar na revitalização da área verde do entorno, mobilizou dois moradores da cidade a construírem um equipamento que permitirá a retirada das plantas aquáticas que se proliferaram sobre a água escondendo completamente a lagoa. Agora, eles buscam o apoio da vizinhança para que mais voluntários ajudem a realizar a limpeza neste sábado, a partir das 8h. Para isso, uma faixa foi instalada na Estrada do Cocão, na altura do número 1.688.

– Eu cruzo dez vezes por dia por esse lugar, então não tinha como não tomar uma iniciativa – comentou o comerciante Rudi Guzati, 41 anos.

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Jangada flutuante

Rudi entrou com o material, enquanto o serralheiro Osmar Rodrigues de Lima, 70 anos, com a concepção e execução do aparato que chamaram de jangada flutuante, a ser usada para retirar as macrófitas da Lagoa do Cocão, as populares marrequinhas.

Durante duas semanas, eles produziram o equipamento de 2,80m de comprimento por 1m de largura, feito com sete tambores de 60 litros acoplados a uma estrutura de ferro coberta por uma tela. Antes de chegarem a este modelo, colocaram na água um protótipo, menor, e fizeram três testes.

Convite feito à comunidade

– Eu acompanhei a dificuldade dos funcionários da prefeitura e pensei em inventar alguma coisa – recorda Osmar.

Segundo ele, o maquinário da prefeitura só permitia a limpeza da área próxima das margens e demoraria muito para retirar todas as macrófitas sem um equipamento específico. Enquanto a jangada flutua – puxada por uma corda ligada a um trator que fica às margens –, vai arrastando as marrequinhas e trazendo até a beira da lagoa, cujo tamanho é estimado em um hectare.

A jangada flutuante foi feita de galões, ferro e tela

A parceria com a comunidade é vista com bons olhos pela administração municipal. De acordo com o diretor-geral da Smov, Beto Goleiro, o mutirão terá a atuação das secretarias do Meio Ambiente e de Obras.

Serão usados dois tratores, uma retroescavadeira e uma caçamba para recolhimento das plantas. A intenção da prefeitura é deixar secar o material retirado da lagoa e usá-lo como adubo.

– Agora o que a gente precisa é o apoio massivo da população de Alvorada – finalizou Rudi.

Área de lazer com pedalinhos

Entorno da lagoa tem sido usado para descarte irregular de lixo

A retirada das marrequinhas faz parte de um processo de revitalização muito esperado pela comunidade. Apesar da grama aparada, nesta semana ainda havia lixo e cavalos pastando pastando no local que já foi usado para caminhadas e lazer da população de Alvorada.

– Meus filhos vinham aqui quando eram pequenos. Mas, depois, o mato tomou conta, veio o abandono, a insegurança. Por que a gente não pode ter aqui um pedalinho, lancherias para vir com a família? – questionou a dona de casa Tânia Spiercort, 51 anos.

Rudi faz coro:

– Queremos tornar a cidade mais bonita, devolver um espaço público para lazer e recreação.A prefeitura prometeu melhorar a iluminação do local.

Osmar (E) e Rudi (C) fizeram testes com o equipamento

O que são as macrófitas

De acordo com o professor do curso de Biologia da Unisinos, Jackson Müller, trata-se de macrófitas, as populares marrequinhas. Na Lagoa do Cocão, essas plantas aquáticas são da espécie salvínia, bastante comum no Estado. Segundo o professor, é uma planta com grande capacidade de proliferação e as lagoas são ambientes propícios.

O calor também favorece o aumento dessas plantas. A tendência das marrequinhas é cobrir a superfície, tapando a lagoa, se não houver, por exemplo, peixes como carpas e tilápias, ou tartarugas, que ajudam no controle da proliferação porque se alimentam dessas plantas.

Espelho d'água está coberto pelas plantas

– Elas têm como característica filtrar a água. A retirada dessas plantas aquáticas não repercute em prejuízo à natureza – explica o professor, citando que, em casos extremos, as macrófitas crescem tanto que podem matar o lago.

A recomendação é, depois de retiradas da lagoa, deixar as macrófitas secarem e utilizar como adubo.



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