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Carnaval 2017

Veja o que as oito escolas da Série Ouro vão mostrar no Sambódromo

Carnavalescos e presidentes adiantam o que o público pode esperar na noite deste sábado no Porto Seco

25/03/2017 - 10h00min

Atualizada em: 25/03/2017 - 10h01min


Roberta Schuler
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Cada escola terá 55 minutos de apresentação na avenida

Neste sábado, vão passar pelo Sambódromo do Porto Seco as oito escolas de samba da Série Ouro do Carnaval de Porto Alegre. Entre elas, sairá a grande campeã da folia temporã, mas nenhuma das agremiações corre o risco de rebaixamento, conforme normativa da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa) e da União das Entidades Carnavalescas dos Grupos Intermediário e Acesso de Porto Alegre (UECGAPA).

O desfile encerra uma jornada que provocou mudanças no modelo da festa, que deixou de contar com recursos públicos e teve de ser rediscutida e redimensionada.

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O Diário Gaúcho visitou os barracões das oito agremiações para conferir o que cada uma levará para a Passarela Carlos Alberto Barcellos, o Roxo. Se, por um lado, as dificuldades poderão resultar em desfiles mais modestos, as adversidades geraram o compartilhamento de materiais entre as escolas, o reaproveitamento, a criatividade, e o principal: a força das comunidades que não deixam de apostar na história de suas escolas de samba.

Embaixadores homenageia o samba

Personalidades do samba nas alegorias da Embaixadores

Com três alegorias e um tripé, a Embaixadores do Ritmo vai prestar uma homenagem ao centenário do samba. Além dos ursos polares, símbolos da escola, o abre-alas trará a Tia Ciata – Hilária Batista de Almeida, uma mãe de santo considerada uma das personalidades importantes no surgimento do samba carioca. A alegoria mostrará os sambistas que passavam pela terreira de Tia Ciata, batiam cabeça e iam tocar.

Já o segundo carro fará referência a Donga, o compositor do primeiro samba gravado, Pelo telefone, e levará uma gafieira para a avenida. A terceira alegoria será o carro do Carnaval, com a cartola, outro símbolo da Embaixadores, além de homenagens à Estácio de Sá, a primeira agremiação a chamar-se escola de samba, ao bloco Deixa Falar, com palhaço e pierrô.

Briane aposta num desfile técnico

O diferencial

– É um tema muito claro, quem assistir entenderá facilmente. Apostamos num desfile técnico, focado nos quesitos, com uma plástica bonita – observa a presidente Briane Giró.

Bambas faz acontecer num piscar de olhos

Bambas vai falar sobre o tempo

Os Bambas da Orgia vão passar na avenida falando sobre o tempo e mostrando que numa fração de segundo tudo pode acontecer. Na abertura do desfile, a águia que simboliza a escola aparecerá num grande ninho no qual 20 ovos vão acomodar crianças. O abre-alas fará referência aos 77 anos da escola, que serão comemorados em maio, relembrando três inesquecíveis carnavais (Festa de Batuque, de 1995, Barão de Catas Altas, de 1998, e Taj-Mahal, de 2007).

A segunda alegoria, o carro de olhos fechados, levará caveiras gigantes, articuladas por componentes da escola, com grande efeito visual. O último carro, resume o enredo: todo amarelo e dourado, mostrará o instante no qual tudo muda, com coreografias e surpresas.

Sílvio acredita na força do conjunto da escola

O diferencial

– O conjunto será a diferença, todos empenhados, cada ala. Vai ter muita coisa para ver – promete o carnavalesco Sílvio Oliveira.

IAPI canta Eduardo Natalício

Temática nordestina no desfile da IAPI

A União da Vila do IAPI prestará uma homenagem a Eduardo Natalício. O abre-alas vai mostrar o folclore nordestino – o homenageado é de Pernambuco – com pinturas de cordel e carrancas nordestinas. O destaque é o galo de 9,60m de altura, que virá na parte de trás da alegoria, articulado, batendo as asas e abrindo o bico. A locomotiva, símbolo da escola, virá na forma de um trem caipira.

O segundo carro simboliza as lembranças que Natalício leva na mala – de uma grande mala sairão coqueiros, jangadas e haverá areia de verdade no chão da alegoria. O terceiro carro representa a gastronomia e contará com personalidades do Senac-RS, como o chef Mamadou Sène. Um grande bobó de camarão estará no topo do carro, que será cercado de temperos na cozinha. O personagem principal irá no último carro, um grande boteco, com familiares de Natalício, que virão de Porto de Galinhas.

Sérgio aposta no impacto visual de suas alegorias e fantasias

O diferencial

– O impacto visual, as cores e estampas – promete o carnavalesco Sérgio Guerra.

Vai ter pinga no Carnaval da Restinga

Depois do enredo sobre o vinho, Estado Maior aposta na aguardente

A Estado Maior da Restinga vai contar a história da cachaça no Porto Seco, e mostrar que a grande cachaça da Tricolor da Zona Sul é o Carnaval.

– O Carnaval é uma cachaça do bem, que traz informação, alegria e motivação – defende o carnavalesco Reinaldo Oliver, que foi campeão com a Estado Maior da Restinga em 2012, no enredo sobre o vinho.

O abre-alas, que mede 25,5 metros de comprimento, um dos maiores que a escola já levou para a avenida, contará com o Cisne, o símbolo da Restinga, com a carranca de uma embarcação negreira. A alegoria terá uma ala de passo marcado envolvendo 48 pessoas.

Já o segundo carro fará referência à lenda do Anhanguera (o bandeirante jogou pinga num rio e provocou fogo), com ocas feitas de materiais locais, como taquara e capim. O terceiro carro, que promete maior impacto visual, chama-se "Um gole para o santo", com exus e outras influências das religiões de matriz africana.

Reinaldo confia na vibração da comunidade da Tinga

O diferencial

– É a força da comunidade! – sentencia o carnavalesco.

Imperadores traz as cores de Frida Kahlo

Vida da pintora mexicana mostrada na avenida

A Imperadores do Samba vai mostrar no Porto Seco a história da pintora mexicana Frida Kahlo. O abre-alas lembra a antiga civilização asteca, a ancestralidade de Frida.

O segundo carro faz referência à revolução mexicana, o governo ditatorial, uma parte mais sombria, mas de coragem da época. O terceiro carro, o mais colorido do desfile, remonta a casa de Frida, seu atelier, com tintas e pincéis.

No último carro, os leões, símbolos da agremiação, demonstram o amor pela Imperadores, enquanto trazem a homenageada como diva da escola, e seu amor pelo México. Além dos quatro carros, a escola terá também um tripé.

Luciano exalta os voluntários da comunidade

O diferencial

– É a união da escola, com voluntários da comunidade. Estamos fazendo o Carnaval com o dinheiro de quadra e muito material reciclado, pelo menos 70% reaproveitado – garante Luciano Maia, integrante da comissão de Carnaval.

Imperatriz exalta o negro na cultura do RS

A contribuição do negro na

A proposta da Imperatriz Dona Leopoldina, atual campeã do Carnaval de Porto Alegre, é montar o seu desfile a partir dos versos do samba-enredo. O tema do desfile é a contribuição do negro na formação do Rio Grande do Sul em todos os segmentos: influências no vestuário, na culinária, na música e na política. Mas o carnavalesco Sandro Rauly avisa que não haverá ênfase no sofrimento do povo negro, apenas o legado cultural.

A agremiação contará com quatro alegorias. O abre-alas representa a partida do navio negreiro. O segundo carro mostrará a herança cultural, a influência na música, com tambores e o batuque. A terceira alegoria faz referência ao folclore, com a lenda do Negrinho do Pastoreio, os festejos dos santos católicos e a última alegoria, que terá um grupo de crianças fazendo a coroa da Imperatriz (símbolo da escola) girar, conforme diz a letra do samba, representa o amor.

O diferencial

– O canto da comunidade, o enredo alegre e colorido – defende Sandro Rauly.

Acadêmicos faz a festa com o Velho Guerreiro

Segunda colocada no Carnaval de 2016 – alcançou a mesma pontuação da campeã, Imperatriz Dona Leopoldina, mas perdeu nos critérios de desempate – a Acadêmicos de Gravataí promete fazer uma saudação a Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que completaria cem anos em 2017.

Serão três alegorias e um tripé.O abre-alas trará referências da Tropicália, além da Onça Negra, símbolo da escola. Já o segundo carro, lembrará as origens do Velho Guerreiro, no Nordeste – o apresentador era Pernambucano – e a terceira alegoria levará um Cassino do Chacrinha para a avenida. Representando o personagem homenageado, virá Fábio Verçoza, que foi Rei Momo da Capital até 2015, e mais de três décadas de envolvimento com a folia.

O público verá na avenida um Carnaval colorido, com a mistura de materiais ricos e recicláveis, como a garrafa pet, o papelão e os retalhos.

O diferencial

– Queremos que o desfile transmita uma mensagem, transmita valores. Trabalhamos com muito voluntariado da comunidade – explica Wagner Silveira, membro da comissão de Carnaval.

Procissão de fé no desfile da Império

A Império da Zona Norte fechará os desfiles da Série Ouro, promovendo uma grande procissão de fé no Sambódromo. No abre-alas, estarão representados a Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, o Menino Jesus e outras imagens em referência à religião católica.

Já o segundo carro trará a religiosidade afro, com a mãe das águas, Iemanjá e uma grande caravela portuguesa. A última alegoria, que representa a procissão imperiana virão os leões símbolo da agremiação, a devoção popular a São Jorge, além de grandes candelabros.

O diferencial

– Muitas escolas que fecharam os desfiles foram campeãs. Apostamos nas fantasias, nas alegorias e em mestre-sala e porta-bandeira, quesitos em que a Império da Zona Norte sempre foi forte – defende o presidente da escola João Carlos Martins, o Gago.



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