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Carta aberta

Após acusação de assédio, José Mayer admite machismo e pede desculpas

O ator disse ser fruto de uma geração em que atitudes machistas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas

04/04/2017 - 13h40min

Atualizada em: 05/04/2017 - 18h14min


José Mayer divulgou uma carta aberta admitindo que suas "brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito". O ator da TV Globo foi acusado de assédio pela figurinista Susllem Meneguzzi Tonani, de 28 anos, em relato publicado na sexta-feira.

Atrizes e apresentadoras da TV Globo, entre outras personalidades, lançaram uma campanha nas redes sociais para protestar contra o assédio sexual. Nomes como Fernanda Lima, Bruna Marquezine, Taís Araújo, Camila Pitanga, Cleo Pires, Leandra Leal e Tatá Werneck publicaram imagens com "Mexeu com uma, mexeu com todas #Chegadeassedio".

A Globo anunciou a suspensão de José Mayer das produções do canal por tempo indeterminado. Em nota, a emissora disse que o ator foi notificado da decisão na segunda-feira. O canal afirmou ainda se solidarizar com a campanha "Mexeu com uma, mexeu com todas".

– A Globo se solidariza com a manifestação, que expressa os valores da empresa – disse a emissora na nota.

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Na semana passada, quando o assunto veio a público, José Mayer foi procurado pelo jornal Folha de S. Paulo para dar esclarecimentos sobre o assunto. A acusação foi publicada pela figurinista no blog #AgoraÉQueSãoElas, da Folha. Na data, o ator global afirmou respeitar os companheiros de trabalho e pediu que os colegas não misturassem ficção com realidade:

– Respeito muito as mulheres, meus companheiros e o meu ambiente de trabalho e peço a todos que não misturem ficção com realidade. As palavras e atitudes que me atribuíram são próprias do machismo e da misoginia do personagem Tião Bezerra (personagem de Mayer na novela A Lei do Amor), não são minhas! Nesses 49 anos trabalhando como ator, sempre busquei e encontrei respeito e confiança em todos que trabalham comigo – respondeu ele.

Leia a carta aberta de José Mayer na íntegra:

Carta aberta aos meus colegas e a todos, mas principalmente aos que agem e pensam como eu agi e pensava:

Eu errei. Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava. A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora.

Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas. Sou responsável pelo que faço.

Tenho amigas, tenho mulher e filha, e asseguro que de forma alguma tenho a intenção de tratar qualquer mulher com desrespeito; não me sinto superior a ninguém, não sou.

Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são.

Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele.

Este é o meu exercício. Este é o meu compromisso. Isso é o que eu aprendi.

A única coisa que posso pedir a Susllen, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança.

Espero que este meu reconhecimento público sirva para alertar a tantas pessoas da mesma geração que eu, aos que pensavam da mesma forma que eu, aos que agiam da mesma forma que eu, que os leve a refletir e os incentive também a mudar.

Eu estou vivendo a dolorosa necessidade desta mudança. Dolorosa, mas necessária.

O que posso assegurar é que o José Mayer, homem, ator, pai, filho, marido, colega que surge hoje é, sem dúvida, muito melhor.

José Mayer


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